expresso.ptexpresso.pt - 22 jul. 23:07

Mueller vai ao Congresso. “Muitos, muitos americanos vão saber, pela primeira vez, o que diz o relatório”

Mueller vai ao Congresso. “Muitos, muitos americanos vão saber, pela primeira vez, o que diz o relatório”

Está a ser vendido com o mais importante testemunho no Senado durante os três anos já decorridos da presidência de Donald Trump. Robert Mueller, ex-procurador-especial que durante dois anos se encarregou de investigar as alegadas ligações da equipa de Trump aos russos, vai esta quarta-feira explicar mais uma vez o que diz o seu relatório

O testemunho de Robert Mueller, ex-procurador geral dos Estados Unidos que se ocupou, durante dois anos, de investigar as alegadas ligações de Trump aos russos, é esperado com enorme expectativa no Senado norte-americano. Para os democratas que consideram o conteúdo do relatório de Mueller “condenatório e explosivo” - assim foi classificado por um membro do Comité Judiciário ao “The Guardian” - interrogar Mueller é visto como a derradeira oportunidade para tentar desvendar alguma coisa que possa reforçar, principalmente junto da opinião pública, a necessidade de mover um processo de destituição a Donald Trump.

“Não podemos sublinhar o suficiente que esta será talvez a primeira vez que muitos, muitos americanos vão ouvir o que está contido no relatório, disse ao “The Guardian”, David Cicilline, democrata de Rhode Island que faz parte do Comité Judiciário. Mas nem sequer dentro da oposição democrata é unânime que se deva tentar remover o Presidente. A líder da maioria democrata na Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, é uma das vozes contra. No seu entender, uma campanha pela destituição de um Presidente é “demasiado polarizador” e “só vai ajudar Trump a ser reeleito”, já que poderia alegar estar a ser vítima de uma perseguição injusta.

O relatório de Robert Mueller não pede, não aconselha, não insinua que Trump deve ser investigado formalmente, sendo precisamente a ausência dessa recomendação que leva Trump a dizer com frequência que o relatório o exonera “totalmente”. Mas não é bem assim. Em maio, dois anos depois de aberta a investigação, Mueller sentiu necessidade de convocar uma conferência de imprensa em que voltou a repetir o que já tinha escrito no relatório: “Se tivéssemos confiança no facto de que o presidente não cometeu um crime, teríamos dito isso”, disse Mueller, que garantiu apenas ter seguido a “antiga política” do Departamento de Justiça em não acusar de um crime um presidente em exercício das suas funções. Dito de outra forma, a equipa de Mueller não pode afirmar com 100% de certezas que Trump ou, mais diretamente, a sua equipa na campanha para as presidenciais de 2016, é inocente de ter tentado determinar o resultado das eleições recorrendo a ajudas oferecidas pelos russos.

Esta quarta-feira, Mueller vai estar no Senado e vai ter de responder às perguntas, isto apesar de ter dito que as suas palavras e o seu relatório eram uma e a mesma coisa. Espera-se que a maioria das perguntas se debruce sobre as questões de alegada obstrução à justiça. Mueller descreve vários episódios (11) que demonstram de que forma Trump tentou levar a justiça a correr numa direção mais favorável aos seus interesses mas também diz que essa obstrução não se concretizou: porque os seus intermediários não lhe obedeceram.

Apesar da relutância em continuar envolvido nesta polémica, há quem considere que é importante Mueller continuar a explicar o que é, para que foi feito e o que contém o relatório. Greg Brower, antigo sub-diretor do FBI disse ao mesmo jornal que o testemunho poderia vir a ter “um grande impacto” numa possível mudança política. “Não creio que os americanos ou mesmo o Congresso entendam o que é que ali se classifica como prova. Faz parte dos deveres de Mueller continuar a explicar o que encontrou no decorrer na investigação. Assumir que ninguém quer saber, que o relatório não vai mudar nada, é abdicar da sua responsabilidade de instruir o público nos detalhes do seu relatório”.

O antigo procurador especial vai ser interrogado durante seis horas - três no Comité de Informações, três no Comité Judiciário. O primeiro grupo estará mais interessado em saber se Trump de facto teve ajuda dos russos para vencer a eleição, que tipo de ligações havia entre os russos e a sua equipa e o nível de partilha de documentos que pode ter existido com pessoas próximas de Putin. Já o Comité Judiciário vai tentar saber se as ações do Presidente podem mesmo ser consideradas obstrução.

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