expresso.ptexpresso.pt - 25 jun. 10:34

Teerão deve “iniciar apaziguamento” porque “escalada vem sempre do lado iraniano”, diz chefe da diplomacia saudita

Teerão deve “iniciar apaziguamento” porque “escalada vem sempre do lado iraniano”, diz chefe da diplomacia saudita

Adel al-Jubeir recusou descartar resposta militar às agressões iranianas, mostrando-se favorável a sanções adicionais. Sobre o assassínio do jornalista saudita Jamal Khashoggi, o ministro disse que o relatório da relatora especial da ONU está repleto de contradições. O responsável mostrou-se otimista quanto ao plano económico de Trump para o Médio Oriente

Uma guerra no Médio Oriente “seria perigosa para todo o mundo”, mas “a escalada vem sempre do lado iraniano”, pelo que cabe a Teerão “iniciar o apaziguamento”, advertiu esta segunda-feira o ministro de Estado saudita das Relações Exteriores, Adel al-Jubeir.

Em entrevista à rádio France 24, durante uma passagem por Paris, o chefe da diplomacia saudita enumerou: “O Irão atacou petroleiros no Golfo não uma mas duas vezes. O Irão enviou mísseis balísticos e drones aos seus representantes, os houthis, para atacarem o oleoduto e o aeroporto da Arábia Saudita. Os iranianos adotaram comportamentos agressivos e ameaçadores.”

O ministro recusou descartar uma resposta militar às agressões iranianas, afirmando que Riade passou os últimos 40 anos a tentar remediar as hostilidades, prosseguindo as negociações, mas sem sucesso. Al-Jubeir mostrou-se favorável a sanções adicionais contra Teerão.

“Aumentar a pressão sobre o Irão” através de sanções

“Penso que tudo o que se pode fazer é aumentar a pressão sobre o Irão para que este mude a sua política. Penso que os EUA estão a considerar aplicar sanções ao setor do gás e deixo isso aos especialistas financeiros e económicos, mas a ideia é aumentar a pressão de modo a que o Irão saiba que o preço a pagar é elevado e que as suas políticas não são aceitáveis e devem mudar”, declarou.

O Presidente dos EUA, Donald Trump, assinou esta segunda-feira um decreto que impõe sanções “duras” ao líder supremo iraniano, o ayatollah Ali Khamenei, e ao seu círculo próximo. As novas sanções seguem-se a “uma série de comportamentos agressivos por parte do regime iraniano no decurso das últimas semanas, incluindo a destruição de um drone americano”, esclareceu Trump. As medidas punitivas impedirão o ayatollah, a sua equipa e outros que lhe estão estritamente ligados de acederem a recursos financeiros essenciais: “os bens do ayatollah e da sua equipa não serão poupados”, precisou.

Ministro acusa ONU de parcialidade sobre Khashoggi

A propósito da morte do jornalista Jamal Khashoggi, assassinado no consulado saudita em Istambul, na Turquia, em outubro do ano passado, Al-Jubeir acusou a relatora especial das Nações Unidas, Agnès Callamard, de parcialidade, dizendo que o seu relatório estava repleto de contradições.

Na semana passada, Callamard concluiu haver “provas credíveis” de que o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, e outras autoridades de topo do reino foram responsáveis pela morte de Khashoggi. “A relatora especial conclui que Jamal Khashoggi foi vítima de uma execução deliberada e premeditada, um assassínio extrajudicial pelo qual o Estado da Arábia Saudita é responsável sob a lei internacional dos direitos humanos”, escreveu no seu relatório. “Cerca de oito meses após a execução de Khashoggi, as atribuições de responsabilidades individuais continuam envoltas em secretismo”, lê-se ainda no documento.

Apesar das críticas que faz ao relatório, o chefe da diplomacia saudita sublinha que, se forem descobertos mais elementos de prova, a investigação poderia ser alargada e incluir aqueles que não estão a ser julgados atualmente, incluindo Saud al-Qahtani, próximo do príncipe herdeiro e acusado de ter desempenhado um papel central no assassínio.

Por fim, Al-Jubeir foi questionado a propósito do plano económico da Administração Trump para o Médio Oriente. O responsável saudita disse manter-se otimista, apesar das críticas das autoridades palestinianas, que consideram que o plano não prevê uma solução política.

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