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Cervejas artesanais crescem cinco vezes mais que a média do mercado

Cervejas artesanais crescem cinco vezes mais que a média do mercado

Diversificação da oferta agrada aos portugueses que são os principais consumidores fora de casa na Europa.

Cervejeiras multiplicam-se, mas país é apenas o 15.º produtor europeu. Esperadas boas vendas neste verão

As cervejas artesanais vieram para ficar. Portugal acordou um pouco mais tarde para este movimento, mas ele está em crescendo e a prová-lo está a infinidade de novas marcas e novos lançamentos de cervejas artesanais nos últimos anos. E os dados da Nielsen comprovam-no: entre abril de 2017 e abril de 2019, as vendas desta categoria de cervejas cresceram 88% em valor e 112% em quantidade, num mercado global que evoluiu 8% em valor e 5% em quantidade, no mesmo período. Considerado apenas o último ano, o acréscimo foi de 10% em valor e 15% em quantidade, três a cinco vezes mais do que os 3% do mercado total de cervejas.

Estes são números exclusivos da distribuição. Se tivermos em conta que 69% das vendas de cerveja em Portugal ocorrem em cafés, bares e restaurantes, facilmente se adivinha que a realidade será, ainda, mais significativa. Segundo a associação europeia de cervejeiros, a The Brewers from Europe, havia em 2017, em Portugal, 120 empresas cervejeiras em operação, das quais 115 eram microcervejeiras. Em 2011, Portugal tinha, apenas, uma microcervejeira registada, a Sovina, que entretanto foi adquirida pelo grupo Esporão. As duas grandes cervejeiras nacionais, a Central de Cervejas e o Super Bock Group, já apostaram, também elas, nas artesanais, a primeira através da Hoppy House Brewing e a segunda através da The Browers Company.

Para os protagonistas do setor, esta é uma revolução bem recebida. “O movimento das cervejas artesanais contribuiu para um aumento da dinâmica do mercado cervejeiro e para alargar a oferta disponível ao consumidor. Trouxe também sofisticação e diversidade, num contributo enorme para a valorização desta categoria”, diz o CEO do Super Bock Group, Rui Lopes Ferreira.

Nuno Pinto de Magalhães, diretor na Central de Cervejas, destaca, igualmente, o “impacto mediático” inerente e a “oferta diferenciada” que as artesanais disponibilizam, “num mercado muito concentrado tradicionalmente nas cervejas Lager”, a categoria mais vendida.

Portugal é o 15.º produtor europeu, mas ocupa o lugar cimeiro no consumo de cerveja fora de casa, com os já citados 69%. Segue-se Irlanda (65%), Malta (64%) e Espanha (63%). No mercado nacional, as vendas totais cresceram, no ano passado, 0,5%, valor que Francisco Gírio considera “muito positivo”, atendendo às “más condições climatéricas registadas durante grande parte do ano”. A meteorologia é um dos fatores que mais influenciam o consumo: 40% das vendas de cerveja fazem-se entre junho e setembro. “Tendo em conta as previsões meteorológicas, que prometem temperaturas elevadas, e considerando que a atividade turística em Portugal continua em alta, as expectativas para o verão são muito positivas”, acrescenta.

Central de Cervejas e Super Bock assumem-se, igualmente, confiantes. “As expectativas são positivas, a manter-se o registo havido até aqui, com especial destaque para os índices positivos de confiança do consumidor na economia, as boas condições climatéricas observadas e a continuação de bons indicadores para o Turismo”, frisa Nuno Pinto de Magalhães.

Já fonte oficial da Super Bock destaca a “dinâmica positiva geral” no mercado de bebidas nos primeiros meses do ano, acrescentando que o grupo “está a crescer em volumes no mercado interno e, muito importante, em rentabilidade, no valor que retiramos da nossa operação nas cervejas, mas, também, em outras categorias”. E acrescenta: “Nos mercados externos estamos a crescer, em volume mas também em valor, face a 2018. Na Europa já encaramos a operação de uma forma muito madura, com um trabalho muito interessante de construção de marca, que tem permitido um crescimento constante e sustentado, que se manteve em 2019”.

Trabalho
O Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal e a Central de Cervejas já chegaram a acordo para a revisão salarial e de carreiras para 2019, mas os termos do mesmo não são conhecidos. Rui Matias, presidente do SINTAB, garante que, enquanto não tiver uma ata final assinada não se pronuncia sobre o tema.

“Cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém. Temos os termos de um pré-acordo delineados, um acordo de cavalheiros, mas ainda não há nada assinado e enquanto não tivermos os pontos que consideramos fundamentais em ata, devidamente assinada, não vamos fazer comentários”, afirma.

Os trabalhadores, que estiveram uns dias em greve (duas horas em cada turno), exigiam aumentos salariais na ordem dos 4%, num mínimo de 40 euros, e de 1% no subsídio de turno, e uma revisão das carreiras profissionais. A empresa não divulgou a sua contraproposta, mas indica que, nos últimos três anos, o aumento salarial global foi de 70€. Em 2018 houve, ainda, um prémio individual de mil euros. A Super Bock negoceia acordos com o SINTAB de dois em dois anos.

RETRATO DO SETOR

51
Litros por habitante
O consumo per capita manteve-se estável em Portugal, em 2018, ainda aquém dos 61 litros atingidos em 2009, antes do início da crise.

676
Milhões de litros
Foi a produção total de cerveja em Portugal, em 2018, o que traduz uma redução de 3,3% face a 2017. O consumo interno foi de 527,6 milhões de litros.

78
Mil toneladas
Foi a produção nacional de malte (cevada) incorporada no fabrico das cervejas em Portugal, um valor 7,5% abaixo do registado em 2017.

Recuperação
Entre 2011 e 2015, o mercado cervejeiro em Portugal registou uma perda acumulada próxima dos 20%. Foram “anos duros”, reconhecem os operadores do setor. Entre 2015 e 2018, o crescimento acumulado foi de 13,7%, mas os níveis de consumo pré-crise ainda não foram alcançados.

Duopólio
Sagres e Super Bock têm, desde sempre, dominado o mercado nacional. E 2018 não foi exceção. A Super Bock garante ter assegurado a liderança, com 49,8% de quota enquanto empresa e 46,2% de quota em termos de marca. Mas há novos operadores, como a Nortada ou a Quinas, lançada em 2018, que pretende ser o 3.º grande player neste mercado.

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