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Pelo menos no Chiado, a CDU ganhou a todos - e tem Vieira no jantar de encerramento

Pelo menos no Chiado, a CDU ganhou a todos - e tem Vieira no jantar de encerramento

Presidente do Benfica esteve no jantar a convite de um amigo que é militante.

Numa corrida a CDU conseguiu ganhar à concorrência: na icónica descida do Chiado, a coligação conseguiu juntar mais apoiantes do que o PS, que tinha ali passado uma hora antes.

E pouco depois, no jantar de encerramento da campanha, num hotel de Santa Iria da Azóia, Jerónimo de Sousa e João Ferreira tiveram o apoio do presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira - que esteve no jantar a convite de um amigo que é militante, fez questão de salientar o gabinete de imprensa da CDU.

É sempre muito difícil contar pessoas numa arruada, mas no caso dos socialistas, quando a cabeça do desfile, liderado por António Costa e por Pedro Marques, chegou ao fundo da Rua do Carmo, para entrar no Rossio, a cauda do desfile vinha já a mais de um terço do fim. Já a CDU, quando João Ferreira discursava no final da descida do Carmo, os apoiantes e as bandeiras ocupavam toda a rua até ao topo, frente à porta principal dos Armazéns do Chiado.

A rua manteve-se ocupada até que, por volta das 18h45, a massa de apoiantes começou a ser pressionada pelo desfile da Aliança, que foi a última a descer o Chiado.

A descida de Jerónimo e Ferreira foi rápida - cerca de 25 minutos - e muito barulhenta, com uma única paragem para falar aos jornalistas. Quando chegaram ao Largo do Chiado, frente à Brasileira, tinham à sua espera, como de costume, a Celeste dos cravos, como ela gosta de se identificar. Foi a mulher que distribuiu cravos aos militares no 25 de Abril de 1974 - as flores eram para comemorar o primeiro aniversário do restaurante onde trabalhava então - e que sistematicamente oferece ramos de cravos ao líder comunista. Já vai nos 86 anos e diz ao PÚBLICO que o seu desejo é pelo menos ver chegar o meio século da revolução a que ela acabou por, involuntariamente, dar o nome.

A chamada arruada foi mais um desfile, rua abaixo. A iniciativa que todos os partidos insistem em fazer num dia ou noutro, acaba por servir sobretudo para fortalecer a imagem de força de cada um. Não há contacto com os eleitores nem mesmo com os lojistas. Aliás, por ali, eleitores, além de quem desfila, serão decerto muito escassos. Nos passeios quase não se ouve falar português e são muitos os turistas que ficam parados, de telemóvel em punho, a filmar ou fotografar e que interpelam jornalistas e militantes a perguntar que partido é este.

A medir forças, a CDU, de facto, desta vez ganhou. Os apoiantes foram-se juntando no Largo do Chiado mais de uma hora antes das 18h marcadas para o arranque. E começou com apenas quatro minutos de atraso. Nestas coisas, diga-se, a CDU e o PCP poderiam dar muitas lições aos restantes partidos. Um exemplo da organização? O papelinho distribuído por muitos participantes com a lista das “palavras de ordem” para que não haja enganos: “A CDU avança/ com toda a confiança!”, “Vota, vota CDU! Voto eu e votas tu!”, e “O voto acertado é no último quadrado!/ Na foice e no martelo, com o girassol ao lado!”

Na frente da marcha, mesmo antes dos músicos, seguia Alfredo Fernandes. Uns olhos profundos azuis claros, compenetrados, fixos no fim da rua. Ao ombro levava uma comprida cana de pesca onde hasteou uma gigantesca bandeira de Portugal. Aos 91 anos, não é fácil fazer um passeio destes com aquilo nos braços. “Não sou militante, mas vendo a política de hoje, é o partido que está aí mais sério”, argumenta ao PÚBLICO. É a primeira vez que está numa descida do Chiado e traz a bandeira nacional porque “Portugal está à frente de tudo; é o mais importante, é pelo país que devemos sempre lutar”.

No final, a deputada Heloísa Apolónia haveria de salientar o “mar de gente” que ali se juntou. Já João Ferreira e Jerónimo de Sousa insistiram no apelo ao voto, elogiaram o trabalho e as propostas dos deputados e dos candidatos da CDU. O líder do PCP não se cansou de avisar que até domingo é preciso convencer mais gente - que não se espere algo “miraculoso”. “Há ainda muitos indecisos e muitos que pensam em nem sequer ir votar” - e esses são campo fértil em que se deve semear.

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