www.jornaldenegocios.ptUlisses Pereira - 20 mai. 11:01

Os fundos não indicam o caminho

Os fundos não indicam o caminho

A entrada de um grande numa ação tem um efeito positivo na entrada, mas no momento do anúncio esse efeito já ocorreu.

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Ao longo dos meus 26 anos no mercado, há algumas coisas que nunca mudaram. A forma como os pequenos investidores reagem à divulgação da entrada de um grande investidor numa ação é uma delas. Invariavelmente, sempre que surge uma notícia dando conta de que o Fundo Y entrou numa determinada ação, os pequenos investidores rejubilam, acreditando que isso é um sinal extremamente positivo.

Não partilho dessa ideia. A entrada de um "grande" numa ação tem um efeito naturalmente positivo no momento da sua entrada pois a pressão compradora, na maioria das vezes, levará a ação a subir. Mas, quando tal é anunciado, esse efeito já ocorreu. Claro que percebo que essa reação dos pequenos investidores tem que ver com o facto de acharem que se um fundo entende que aquela é uma boa ação, isso deve ser sinónimo de bom investimento. Puro engano. Se assim fosse, a generalidade dos fundos bateria o mercado e tal não acontece.

Por outro lado, quando há um anúncio de elevada percentagem de posições curtas (posições que ganham com as quedas da cotação e perdem com a subida da mesma) os pequenos investidores ficam pessimistas com essa manifestação de pessimismo dos "big players". Esquecem-se que a pressão vendedora para abertura dessas posições curtas (recordo que em posições curtas primeiro vende-se e compra-se posteriormente para fecho dessas posições) faz a ação cair e que, quando a notícia saiu, esse efeito já se fez sentir e que, quando um dia as posições curtas tiverem que ser fechadas, essa pressão compradora irá fazer subir a ação. Por isso, quando me falam de uma elevada percentagem de posições curtas, encaro isso como uma boa notícia e não como um fator negativo.

Se a maioria dos grandes fundos não faz melhor do que os índices, imaginem o que acontece aos pequenos investidores que vão a correr comprar depois dos grandes fundos anunciarem que entraram na ação e saem depois deles anunciarem que fecharam as suas posições. A maior parte retira a infeliz conclusão alguns anos depois…

Quando os jornais noticiam que uma ação é a preferida dos fundos e que a esmagadora maioria deles detém essa ação, refreio o meu otimismo sobre essa ação. Não porque acredite na incompetência de quem gere, mas porque a força impulsionadora de qualquer cotação é a pressão compradora e se a grande maioria já foi exercida, o potencial reduziu-se e o risco aparecerá quando todos esses fundos decidirem reduzir ou fechar as suas posições. Porque, ao contrário dos românticos na vida real, não amamos as ações para sempre.

Nem Ulisses Pereira, nem os seus clientes, nem a DIF Brokers detêm posição sobre os activos analisados. Deve ser consultado o disclaimer integral aqui


Analista Dif Brokers
ulisses.pereira@difbroker.com

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