expresso.ptexpresso.pt - 21 abr. 22:02

Marques Mendes: “Proibição das PPP será um erro de palmatória do Governo”

Marques Mendes: “Proibição das PPP será um erro de palmatória do Governo”

Na sua habitual presença na SIC, o comentador abordou ainda a greve dos motoristas de materiais perigosos, a emergência de um novo tipo de sindicalismo e as sondagens das eleições europeias

Ao comentar a manchete da última edição do Expresso, segundo a qual o PR vetará a proibição das PPP na saúde, LuísMarques Mendes considerou que, a acontecer a necessidade de uma decisão desse tipo por parte de Marcelo Rebelo de Sousa, será “um erro de palmatória do Governo. Primeiro por ser um erro estratégico. A grande questão na Lei de Bases não é proibir ou impor as PPP. Deve deixar em aberto. Quem tem de tomar a decisão é cada governo que esteja em funções no momento”.

Marques Mendes entende que a Lei de Bases da Saúde “deve ser realista, abrangente e flexível”. Assim, se optar por uma proibição expressa das Parcerias Público-Privadas, “é muito provável que o Presidente vete a lei. Será um erro tático do Governo , porque já tem uma série de frentes de luta e está em dificuldades. Comprar uma guerra com o PR nesta altura , é um erro”.

Para lá de uma eventual proibição das PPP ser vista pelo comentador como “uma vitória do Bloco de Esquerda”, constituirá, por acréscimo, “uma derrota do PS, que comete um erro eleitoral, porque não vai ganhar um voto à esquerda e vai perder votos ao centro no eleitorado moderado”.

A Greve dos Motoristas

O comentário semanal arrancou com a greve dos motoristas de materiais perigosos, com o analista a fazer uma apreciação negativa da atuação governamental, já que, assegurou, “podia ter tido um plano de intervenção mais eficaz. Por exemplo, o plano de racionamento de combustível. Se tivesse sido anunciado mais cedo podia ter evitado problemas maiores”. O Governo, prosseguiu, “limitou-se a reagir. Não foi capaz de prever, antever, de se antecipar”. De seguida citou o diretor do Expresso para considerar que “não é defeito do Governo, é o seu feitio. É a sua maneira de ser”.

Depois de criticar a definição de serviços mínimos apenas para o Grande Porto e para a Grande Lisboa, o que terá revelado “um amor postiço pelo interior e pelas outras zonas do país”, Marques Mendes reconheceu que o Governo “agiu francamente bem na parte final, quando conseguiu levar as partes a um acordo que acabou com a greve. Agiu no limite e o ministro Pedro Nuno Santos teve um trabalho absolutamente inestimável”.

A não travagem da greve poderia, anteviu o comentador, “ter sequelas provavelmente irreversíveis na imagem do Governo, porque circulava uma imagem de incapacidade, ainda por cima neste período de Páscoa. Foi no limite que o Governo evitou um problema. Esteve mal no início, e esteve mal a meio e esteve bem no fim”.

A convocação da greve por um sindicato recém criado significa para Marques Mendes “que está a mudar o paradigma do sindicalismo em Portugal. As greves mais complicadas foram as dos estivadores, a dos enfermeiros e agora esta dos motoristas de produtos perigosos. Três sindicatos independentes. Há uma mudança de paradigma no sentido de um sindicalismo mais independente e menos ligado a centrais sindicais, nomeadamente a CGTP”.

Vê neste mudança uma razão estrutural, já que, em sua opinião, “o sindicalismo em Portugal, muito paradigma da CGTP, é hoje altamente politizado. É muito mais uma arma de luta política e vista por muitos, menos como arma laboral, sindical. Um sindicalismo muito desfasado já das realidades, das exigências dos trabalhadores”. Nesta análise acrescenta um outro elemento ao defender que “a circunstância de o PCP estar hoje ligado ao Governo e a CGTP obviamente ligada ao poder, retirou espaço de manobra à CGTP”.

Surgem assim os movimentos inorgânicos, como já aconteceu noutras circunstâncias. Se é melhor ou pior, o comentador não sabe responder. “Há pessoas que acham que é positivo, sobretudo porque cria alguma irritação ao modelo da CGTP. Mas este sindicalismo independente vai ser mais agressivo, porque tem de se impor. Vai ser menos institucional, mais agressivo, mais corporativo, menos solidário entre si”.

Considerado “eleitoralista” o Programa de Estabilidade apresentado pelo Governo, marques Mendes abordou a última sondagem da Aximage sobre as eleições europeias, que dá um empate técnico entre PS e PSD. Nada surpreendido com as previsões divulgadas, apesar de “bombas eleitorais” como os passes sociais ou a devolução do IRS, que em teoria poderiam deixar o PS melhor colocado, Marques Mendes sustenta que estas sondagens resultam de “excesso de eleitoralismo”, além de “erros sucessivos cometidos pelo PS”, que “eclipsam alguns bons resultados da governação”.

No final do seu comentário, Luís Marques Mendes desafiou os telespectadores da SIC e os utilizadores do site da SIC Notícias a escolherem as figuras e as conquistas do 25 de Abril de 1974. As votações encerram às 12h00 do dia 27 de abril. Os resultados serão divulgados no espaço de comentário do Jornal da Noite da SIC, do próximo dia 28, e em sicnoticias.pt/.

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