expresso.ptexpresso.pt - 21 abr. 20:00

O clima que estamos a mudar

O clima que estamos a mudar

E as culpas que todos temos

Organizado pela Taylor’s decorreu no Porto há pouco mais de uma semana um conjunto de ações tendo as alterações climáticas como tema. Ali estiveram presentes técnicos vindos de todo o mundo que nos vieram assustar com o que andamos a fazer ao planeta. Já se sabe que algumas vozes mais ignaras se aprestam a dizer que as alterações são um mito mas desses não reza a história. A verdade nua e crua é bem mais assustadora. Repare-se: a Terra existe há 4,6 biliões de anos; se os transformarmos em 46 anos, nós, humanos, andamos por cá há 4 horas e a revolução industrial terá começado há 1 minuto; pois nesse minuto já destruímos 50% das florestas da Terra. Não é preciso dizer muito mais! Menos florestas significa menos água, o grande problema que temos para resolver se quisermos continuar a habitar este planeta. Atualmente mais de 2 biliões de pessoas vivem em zonas com falta de água e calcula-se que, com as alterações climáticas, em 2030 essa carência em zonas áridas e semiáridas irá levar à deslocação de massas humanas, qualquer coisa entre 24 e 100 milhões de pessoas. Como consequência, a área totalmente improdutiva devido à seca passará de 30 para 60 milhões de hectares. No mínimo é uma situação dramática! A produção de vinho também tem as suas culpas, uma vez que, em média, para se produzir uma garrafa de vinho são precisas cerca de quatro garrafas de água. Ora essa água, ao contrário do que deveria ser feito, não é água reciclada, é água que vem de furos, de rios ou da chuva, ou seja, água limpa que deveria ter outra utilização. É também assustador pensar-se que 80% das vinhas do mundo são regadas e apenas as remanescentes são vinhas de sequeiro, as que melhor respeitam o ambiente e combatem as alterações do clima. É ponto assente que essas vinhas sem rega originam vinhos que expressam muito melhor o terroir de onde vêm, as plantas vivem mais e são mais resistentes (dada a profundidade das raízes) e isso permite muita poupança de água e energia. A solução, no que à produção de vinho diz respeito, passará pela escolha de variedades que sejam mais resistentes ainda que possam corresponder a menor produção e castas fora de moda. O que se passa é que 80% das vinhas do mundo usam menos de 1% das variedades conhecidas: a chardonnayzação e cabernetização (nomes adaptados por mim…) acabam por vulgarizar e homogeneizar os tipos de vinho à disposição dos consumidores que, à falta de escolha, ‘acham’ que aquelas são ‘as’ castas e as que querem ver nos rótulos. O futuro aponta para que se escolham castas mais resistentes ao calor, porta-enxertos que induzam ciclos mais longos e que sejam também eles mais resistentes e a seleção clonal deverá procurar variedades que tenham maturações mais tardias. Quando já se fala dos bons vinhos que se fazem em Inglaterra (e é verdade…), já não estaremos muito longe das provas dos excelentes vinhos da Noruega que farão esquecer os de outras de regiões entretanto convertidas em deserto como acontecerá a muitas zonas da bacia do Mediterrâneo. O problema toca-nos muito seriamente. E não temos muito mais tempo.

MARQUÊS DE BORBA VINHAS VELHAS BRANCO 2017

Região: Alentejo

Produtor: J. Portugal Ramos

Castas: Arinto, Roupeiro, Antão Vaz e Alvarinho

Enologia: Equipa dirigida por João Ramos

Preço: €12,99

Fermentação e estágio em barrica. Um ótimo acrescento ao portefólio deste produtor.

Dica: Muito gastronómico, um branco pleno de sabor, muito polivalente à mesa.

QUINTA DO PENEDO RESERVA TINTO 2013

Região: Dão

Produtor: Caves Messias

Castas: Variedades tradicionais da região

Enologia: João Soares

Preço: €12,99

Apenas se produz este Reserva nos melhores anos. Estagiou na empresa antes de ser comercializado.

Dica: Maduro, cheio, pelo de fruta negra e com muito carácter. Precisa de pratos bem temperados.

FREI JOÃO RESERVA TINTO 2014

Região: Bairrada

Produtor: Caves São João

Castas: Baga (80%) e Touriga Nacional

Enologia: José Carvalheira

Preço: €9,50

Marca clássica da Bairrada. Foram feitas 11.844 garrafas. Graduação muito ajuizada de 12,5°.

Dica: Muito puro na fruta, acidez perfeita, grande equilíbrio de conjunto.

Os preços foram fornecidos pelos produtores

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