sol.sapo.ptsol.sapo.pt - 21 abr. 21:10

Atentados bombistas no Sri Lanka fazem mais de 200 mortos na Páscoa

Atentados bombistas no Sri Lanka fazem mais de 200 mortos na Páscoa

Os ataques visaram igrejas durante a missa e hotéis durante o pequeno-almoço. Pelo menos 207 pessoas morreram, 25 delas estrangeiras, incluindo um turista português em lua de mel.

Mais de 200 pessoas morreram e 450 ficaram feridas em oito explosões simultâneas na cidade de Colombo, no Sri Lanka, que visaram igrejas e hotéis de luxo. Entre as vítimas dos atentados está um turista português, Rui Lucas, que se encontrava em lua-de-mel com a sua esposa, no hotel Kingsbury, onde ocorreu uma das explosões.

Os primeiros seis atentados ocorreram por volta das 8h45 (3h15 em Portugal), tendo as explosões atingido os restaurantes de pelo menos dois dos hotéis, durante o pequeno-almoço, a hora de maior movimento. Outro hotel, perto do Zoo de Dehiwala, foi atacado à tarde. As autoridades afirmam que os ataques foram levados a cabo por bombistas suicidas, tendo morrido três agentes das forças de segurança quando os ocupantes de uma casa alvo de buscas preferiram detonar explosivos a serem presos. No seguimento da investigação já foram detidos pelo menos 13 suspeitos.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Sri Lanka confirmou que pelo menos 25 dos mortos são cidadãos estrangeiros, de pelo menos oito países, estando outros 19 a serem tratados no Hospital Nacional de Colombo. Ainda há nove desaparecidos.

Contudo, o principal alvo destes atentados parece ter sido a comunidade cristã do Sri Lanka, maioritariamente católica, cerca de 2 milhões de pessoas que constituem aproximadamente 7,4% da população. Muitas das igrejas estavam cheias, em plena missa de Páscoa, resultando num elevado número de vítimas. As imagens do interior do santuário de São Sebastião, em Negombo, mostram o teto colapsado, as paredes marcadas por estilhaços e os bancos manchados de sangue.

A tragédia atravessou celebrações pascais por todo o mundo, com o Papa Francisco a terminar a sua missa, na Praça de São Pedro, afirmando que o ataque “trouxe luto e dor” à mais importante celebração cristã. O Papa expressou o seu sentimento de proximidade todas as vítimas dos atentados, em particular os cristãos do Sri Lanka “feridos enquanto se reuniam para rezar”. 

Estes ataques marcam uma rutura numa década de relativa paz no Sri Lanka, cuja história foi marcada por sangrentos conflitos étnicos e religiosos. Incluindo a luta armada entre as forças governamentais e os Tigres de Tamil, que durante quase 30 anos reivindicaram a independência das áreas da minoria tamil, no Norte e Este do país, mas cuja insurreição colapsou em 2009. É muito improvável que se trate de um ressurgimento da organização, dado os Tigres de Tamil serem uma organização laica, com poucos motivos para visar locais de culto cristãos.

Contudo, nos últimos anos, vários grupos cristãos locais dizem enfrentar crescente descriminação e ameaças, por parte de monges budistas extremistas, que também têm atacado aldeias da minoria muçulmana, queimando-as e fazendo uma série de mortos. Os ataques poderão ter sido levados a cabo pela organização nacionalista budista Bodu Bala Sena - a mais poderosa do país - que tido grande crescimento.

Além disso, a polícia do Sri Lanka lançou um alerta nacional, 10 dias antes do ataque, avisando que o grupo terrorista muçulmano National Thowheeth Jama’ath (NTJ), planeava atacar “igrejas proeminentes” em Colombo, com recurso a bombistas suicidas, segundo a France Press. A organização ganhou destaque após ser ligada a atos de vandalismo contra uma série de estátuas budistas. As autoridades assumem que os atentados tenham sido levados a cabo por um “grupo de extremistas religiosos”, mas até ao fecho desta edição nenhuma organização de qualquer denominação religiosa reivindicou o ataque. 

O ministro das Finanças do Sri Lanka, Mangala Samaraweera, afirmou: “Estes ataques são uma tentativa diabólica de criar tensões raciais e religiosas neste país outra vez”. A resposta da população à tragédia foi imediata, com uma afluência recorde para doar sangue, algo necessário ao socorro das centenas de vítimas do ataque. Vários relatos contam como os doadores se ajudaram uns aos outros a preencher os formulários, de modo a acelerar o processo. “Budistas, cristãos, hindus, muçulmanos e outros estão a doar porque são humanos, com o mesmo sangue e espírito de compaixão. Ninguém pode negar a nossa humanidade comum”, escreveu Samaraweera.

Entretanto, as autoridades do Sri Lanka já colocaram o país em estado de emergência, bloqueando as redes sociais, para impedir a circulação de desinformação e dificultar a organização de uma insurreição. O Governo pediu a todos os hotéis que reforcem as suas medidas de segurança e todos os turistas já terão sido evacuados da maioria dos hotéis, incluindo o Kingsbury, onde estava alojado o português Rui Lucas e a sua esposa. Além disso, todas as missas de Páscoa foram canceladas.

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