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Juros mais baixos do mundo criam problemas a imóveis suíços

Juros mais baixos do mundo criam problemas a imóveis suíços

Em Mellingen, que fica a trinta minutos a noroeste de Zurique, os apartamentos vazios são um sinal de alerta sobre as consequências das taxas de juros negativas.

Uma década de rendimentos baixíssimos levou os investidores ansiosos por melhores retornos a investirem em propriedades, alimentando um "boom" da construção. Cidades como Zurique e Genebra têm um grande número de inquilinos, mas os problemas parecem estar a surgir em algumas áreas suburbanas e rurais. A taxa de desocupação de Mellingen é quatro vezes maior do que a média da Suíça e o governo alertou para uma "grande correção".

"Enquanto houver taxas negativas, estes desequilíbrios persistirão", afirmou Claude Maurer, economista do Credit Suisse. "Definitivamente há custos, e nós vemo-los na área de propriedades para investimento, onde há superprodução, que, por sua vez, é consequência do excesso de investimentos dos fundos de pensões."

O setor financeiro tem reclamado há muito tempo que as taxas negativas prejudicam a rentabilidade e estudos mostram que uma percentagem crescente de executivos bancários afirma que as propriedades compradas para alugar estão tornar-se um risco.

Apesar das preocupações, o Banco Nacional da Suíça (SNB, na sigla em inglês) não vai correr para aumentar a sua taxa de depósitos. O presidente da instituição, Thomas Jordan, afirma que as pressões deflacionárias estão controladas e que isso é "essencial" para evitar a pressão de apreciação do franco. A moeda ainda está mais forte do que 1,20 por euros pelo qual o SNB fixou a sua taxa de câmbio mínima.

Correções "quase inevitáveis"

Na Suíça, um país com 8 milhões de habitantes onde normalmente as pessoas alugam casa, cerca de 72.000 moradias estavam vazias em meados de 2018 e no mínimo 10.000 serão incluídas neste lote em junho deste ano, segundo a consultoria Wüest Partner. Com tanto excedente, os alugueres anunciados podem cair 1,5% e estender a queda de 2,1% registada em 2018.

"Correções de preço em áreas periféricas são quase inevitáveis", salienta Matthias Holzhey, diretor de investimentos imobiliários do UBS na Suíça, que estima uma queda de 10%.

Esta pode ser uma má notícia para os investidores. Desde que a taxa negativa do SNB foi introduzida, há quatro anos, a seguradora Swiss Life, maior proprietária de propriedades privadas do país, impulsionou o seu portfólio de imóveis.

Sem medidas

As advertências não se traduzem em medidas dos órgãos reguladores. Mas as contramedidas constituem um desafio, porque ferramentas tradicionais, como as reduções da razão entre empréstimos e valores, não se aplicam a fundos de pensões gigantes e auto-financiados.

Além disso, embora a taxa de disponibilidade esteja a subir, ainda é baixa para os padrões internacionais e a limpeza do sistema bancário após a crise criou maiores amortecedores contra choques. Mesmo assim, alguns credores não estão a arriscar-se.

Nem todo o mundo está convencido de que há problemas pela frente. Roland Ledergerber, diretor do St. Galler Kantonalbank, não vê uma bolha na sua região, no leste do país.

"Nós simplesmente não partilhamos, na mesma medida, os receios do SNB", disse Ledergerber.

(Texto original: World’s Lowest Interest Rate Brews Trouble for Swiss Property)

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