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Os vinhos de sede

Os vinhos de sede

Um vinho de sede quer-se sequinho, fresco e bom. Um vinho sem personalidade ou um vinho sem encanto ou terroir não pode ter a honra de ser um vinho de sede.

Um vin de soif é um vinho para a sede. Tradicionalmente era um vinho novo, ácido e frutado, com 10 graus ou menos, que se deixava beber sem subir à cabeça.

Também podia ser um vin de travail. Hoje é inconcebível mas chamava-se assim porque dava para beber e trabalhar ao mesmo tempo.

Já não me lembro a quanto vinho é que os lavadores de louça de Paris tinham direito mas, se bem me lembro, era dois litros - senão roubavam três, contou Orwell em Down and Out In Paris and London. Parcialmente bêbados, assevera, trabalhavam mais depressa.

Este ano tenho mostrado aos meus amigos um excelente vinho de sede, um Petit Chablis de que gosto muito. Interessaram-me, sobretudo, as opiniões de quem está habituado a beber brancos maduros portugueses.

“Isto facilmente se bebia a garrafa inteira” é um dos elogios. Como escorrega nem se dá por ele. Depois vai-se servir mais um bocadinho e dá-se com a garrafa vazia... e a cabeça a começar a andar à roda.

“Parece água” foi dito por quem adorou - outra maneira de dizer que se bebe com perigosa facilidade. De facto aquele vinho mata a sede mas logo a seguir faz mais sede para tornar a matá-la.

A verdade é que é preciso ter mais cuidado com estes vinhinhos cheios de acidez que não sabem a álcool mas têm 12 ou 12,5 graus. Quanto mais escorrega como água mais se tem de puxar pelo outro copo - o da verdadeira água.

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