observador.ptAntónio Cruz Gomes - 23 mar. 00:57

Votar ou não votar é já uma questão?

Votar ou não votar é já uma questão?

Votar acertadamente torna-se cada vez mais difícil. Os meios de comunicação social, que crescem em variedade e preponderância, nem sempre contam a verdade.

Avizinham-se eleições e um cidadão, politicamente desinteressado e inoperante, estava lendo uma biografia de Churchill quando as suas considerações sobre a democracia ser, dos sistemas políticos, o menor dos males despertaram nele ideias que lhe apetece partilhar.

Na democracia o povo confere através do seu voto um mandato representativo aos partidos políticos que, com diferentes ideários e seus militantes, a estruturam.

Considero – ao que julgo com a «História» a confirmá-lo – que o esvaziamento da força vinculante da vontade popular cria sistemas políticos em que uma minoria, um único partido ou um ditador acaba – dado o pendor do ser humano na valorização dos seus próprios interesses – por prejudicar a maioria, sem fácil viabilidade de mudança.

Defendamos, pois, a democracia votando, uma vez que votar é seu princípio atuante e fundamental. Radicando a sua supremacia na circunstância da apreciação de um povo encontrar ao que a este importa, todos temos que votar.

Se não o fizermos, tudo estará estragado: as votações dos militantes – porque enfeudados – debater-se-ão sem a correção postulada pelo bom senso do povo.

É assim imprescindível que votemos, uma vez que a esperança causal das decisões consentâneas com a superioridade da democracia (sobre os outros sistemas) depende de uma votação pesadamente maioritária.

Como bem sabemos, este indeclinável dever sofre frequentemente violação.

Percebe-se que (se os partidos não prosseguirem o interesse nacional) surja dúvida poderosa que conduz à abstenção e à votação em branco e que aparentemente as justifica?

Erro. A aparência não as legitima, tanto por esquecer, com grave prejuízo, uma função essencial à vivência em sociedade, como também por outra circunstância a que se não dá a devida atenção.

O hipotético comportamento criticado, cuja única improvável vantagem seria contribuir para a criação de um partido mais decente, acaba por traduzir-se numa espécie de voto indireto e desconhecido, na medida em que, aquando do apuramento da votação, beneficia um dos partidos concorrentes…

Infestados por falsas notícias, deixam-se, por vezes contaminar pelas tentativas manipuladoras do controlo da democracia em beneficio de quem manda no mundo.

E então?

Estamos confinados a abrir os olhos, com pensamento crítico, e a votar, escolhendo – caso nenhum dos partidos nos agrade – o menor dos males.

A.Cruz Gomes é Advogado

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