Opinião de Francisco Sarsfield Cabral - 16 jan. 06:27
O pragmático PSD
O pragmático PSD
De tanto pragmatismo, o PSD arrisca-se a ser sobretudo uma agência de empregos.
O PSD nunca teve uma ideologia clara. O próprio nome do partido obriga a explicar aos estrangeiros que se trata de uma força política de centro-direita, e não de centro-esquerda (como é, por exemplo, o SPD alemão). O nome inicial era PPD - Partido Popular Democrático - e só mudou para PSD porque Sá Carneiro tentou filiá-lo na Internacional Socialista. Mário Soares impediu essa filiação.
Mas, desde o início, o PPD-PSD (como lhe chamava o seu ex-militante Santana Lopes) era anticomunista e lutava por uma democracia não tutelada pelos militares. Nesses combates, estava em geral ao lado do PS. No plano económico, o PSD era mais amigo da iniciativa empresarial, a certa altura atraindo empresários e gestores relativamente jovens.
Não faltaram cisões internas no partido, quase desde a sua fundação. Sá Carneiro viu o seu partido dividir-se em dois na Assembleia da República - e, meses depois, integrado na Aliança Democrática (com o CDS e o Partido Popular Monárquico), ganhou as eleições e tornou-se governo.
O atual PS governa com o apoio parlamentar do PCP e do Bloco de Esquerda. Uma novidade que, provavelmente, não se repetirá, mas que mostra como a grande divisão política já não passa por ser a favor ou contra o coletivismo marxista, hoje desacreditado. Há outras causas, desde a integração europeia às migrações, passando pelo populismo.
Tal não implica, porém, que um partido possa dispensar a ideologia política e ser apenas “pragmático”.