www.publico.ptopiniao@publico.pt - 16 jan. 06:50

Os desejados

Os desejados

Aplicar o método da Marie Kondo aos meus livros foi a melhor coisa que eu podia ter feito pela saúde da minha biblioteca.

Há para aí uma campanha contra a Marie Kondo por parte de pessoas com estantes de livros. Fotografam os livros que têm e acrescentam um "Não, obrigado": é uma espécie de virtue signalling tão exibicionista como complacente e ignorante.

Como é cada vez mais frequente alguém reparou que Marie Kondo diz ter 30 livros em casa e deduziu daí que ela acha que todos a gente deve ter 30 livros em casa. Nada podia estar mais longe do método dela. Para gente que gosta tanto de ler teria ajudado se um destes bibliómanos tivesse lido um livro de Marie Kondo.

O que Marie Kondo diz tem de ser lido no livro dela: não é vendo a série na Netflix que se vai lá, nem pouco mais ou menos. O método depende inteiramente da escolha de cada um: quem quiser ficar com cem mil livros fica.

Há dois anos apliquei o método da Marie Kondo à minha biblioteca. O resultado foi ficar só com os livros com que eu queria ficar. Ainda são milhares e milhares de livros mas cada um foi avaliado por mim.

Tirar os livros que já não tinham futuro para mim teve o efeito de concentrar a biblioteca. Vendi os que não queria e com esse dinheiro comprei o computador em que estou a escrever.

Agora gosto mais da minha biblioteca e é um prazer ir às prateleiras sabendo que só têm livros escolhidos por mim para continuarem a acompanhar-me.

Aplicar o método da Marie Kondo aos meus livros foi a melhor coisa que eu podia ter feito pela saúde da minha biblioteca: os livros que eu já não queria estavam a esconder os que eu quero mesmo. Recomendo-o vivamente.

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