www.dinheirovivo.ptRosália Amorim - 16 jan. 07:05

Paris/Lisboa: o improvável aconteceu no turismo

Paris/Lisboa: o improvável aconteceu no turismo

Lisboa ficou não só à frente de Paris, mas também de Roma, Munique e até Maui, no Hawai. O improvável aconteceu.

Bastou um fenómeno como o dos coletes amarelos para que

Este agregador – que anualmente publica a lista de melhores destinos de viagens, mais procurados e mais populares – escolheu uma foto da capital portuguesa para capa do seu ranking de cidades mais desejadas deste ano. E há outra boa notícia: os norte-americanos são o público alvo deste agregador que dá dicas úteis de viagem, para aproveitarem as sete colinas de Lisboa. Só no ano passado foram cerca de meio milhão, são dos turistas que mais gastam em Portugal (quinto maior mercado em receitas) e o governo acredita que há potencial para crescer.

Tudo isto sucedeu de um momento para o outro. A improvável ascensão e domínio da cidade de Lisboa sobre todas as outras, enquanto destino turístico mais procurado, surge neste site agregador depois de longas semanas de protestos dos coletes amarelos em Paris. A capital portuguesa ganhou com isso, tal como já tinha sido beneficiada pelas Primaveras árabes. Apesar do mérito dos agentes económicos e culturais de Lisboa, estes movimentos são muito voláteis. Convencermo-nos do contrário – e tentar ganhar tudo no curto prazo – é ter vistas curtas.

É preciso continuar a modernizar a cidade de Lisboa e os concelhos vizinhos, melhorar a mobilidade, investir nos museus para que sejam mais interessantes e interactivos e, entre outros desafios, trabalhar mais para a fidelização. Há muitos hotéis para inaugurar e as obras do aeroporto de Lisboa não vão resolver a curto prazo o problema da resposta à tanta procura. E aí há o risco de desistência na procura do destino, por mais simpáticas que sejam as estatísticas do agregador Kayak.

Quem tem investido no setor do turismo estará decerto a rezar a Santo António para que a bolha do turismo não rebente, devido a uma qualquer variável externa ou interna imprevista. É preciso fazer algumas perguntas: Quem nos visita, quantas vezes volta? Que motivos são dados e que novas atrações são criadas para um regresso dos turistas que gastam dinheiro? É um destino simpático de fim-de-semana que corre o risco de uma certa banalização ao estilo Barcelona? Se, após tanto interesse, houver a seguir uma queda da procura turística de Lisboa, haverá também um efeito de arrasto no Porto e noutros destinos portugueses? Desengane-se quem pensa que este é só um problema dos alfacinhas, pois a sustentabilidade do turismo é uma questão que tem de ser enfrentada a nível nacional.

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