Marco Capitão Ferreira - 16 jan. 10:27
Should I Stay or Should I Go – Brexit remix
Should I Stay or Should I Go – Brexit remix
Opinião de Marco Capitão Ferreira
Está na altura de dizermos aos nossos amigos ingleses, ao som dos Clash, naturalmente, que:
This indecision's bugging me (esta indecisión me molesta)
If you don't want me, set me free (si no me quieres, librarme)
Os normalmente organizados anglo-saxões estão a conseguir fazer a Itália parecer um modelo de estabilidade política.
Neste momento, para quem já se perdeu, o Reino Unido está de saída, mas o Acordo que regula a saída foi ontem chumbado no Parlamento Inglês pelo que, tudo visto e ponderado, ou o Reino Unido sai sem acordo, isto é, de forma descontrolada e não faseada ou … fica. Em ambas as possibilidades, os 2 anos de dura e laboriosa negociação não serviram para nada.
A Europa tem desafios geopolíticos, económicos e culturais que lhe chegam bem. O que começou como uma manobra táctica de política interna no Reino Unido transformou-se num dossier pesado, que já impôs custos a ambos os lados, e que tem consumido a União Europeia durante dois anos.
Até quando vamos investir tempo a tentar que os ingleses nos possam deixar com o menor dano possível? Na vida, como na geopolítica, chega sempre aquele momento em que enough is enough (estou a abusar de anglicismos a ver se eles percebem a ideia). É agora.
É verdade que o Brexit impõe custos a ambas as partes, mas eles são mais acentuados para o Reino Unido do que para a União Europeia.
Portanto, se os políticos ingleses insistem em arrastar o seu povo na aventura que será uma saída descontrolada e não faseada, está na altura de lhes dizermos: façam favor.
Concluo isto com muita pena. Partilho do sentimento generalizado em Portugal de uma espécie de relação fraterna com o povo inglês. Cresci a ouvir a música que lá se faz, gosto mais de ler em inglês do que as traduções portuguesas, e aprendi o que é humor a sério com os Monty Python e como se faz sátira política com o fenomenal Yes, Minister. Tudo menos o chá, lamento.
Tenho o maior respeito pela Inglaterra que, sob a direção de Churchill, salvou a Europa do III Reich. Mas benfeitorias passadas não autorizam maldades no presente. Portanto, e de uma vez, saem em Março ou ficam e tentam ajudar-nos a todos a endireitar a UE. Que bem precisa de uma volta grande. Ou contamos com eles ou não. Dois anos chega para se saber o que se quer.