opiniao@publico.pt - 18 nov. 07:00
A dona Theresa
A dona Theresa
Tenho de confessar que me enganei completamente acerca de Theresa May. Ela está a tornar-se uma especialista em sobrevivência política.
Um dos paradoxos hilariantes das bulhas do “Brexit” é que os extremistas brexiteiros preferem perder um segundo referendo a aceitar o acordo com a União Europeia negociado por Theresa May.
E porquê? Porque preferem permanecer na União Europeia a terem de sujeitar-se à União Europeia sem ter qualquer influência sobre ela. Sendo assim, porque é que Theresa May não lhes faz a vontade e declara que afinal o Reino Unido vai ficar na União Europeia, sem necessidade de haver um antipático segundo referendo?
Tem aproveitado a pouca estima em que é (erradamente) tida para ir perseguindo calmamente o que lhe interessa.
O erro vem do pouco jeito que ela tem para falar em público. Muitos confundiram timidez com incompetência. No entanto, ao longo destes meses, ela tem melhorado imenso. Infelizmente ela foi mais desajeitada durante a campanha eleitoral, repetindo lugares-comuns até à exaustão. Pagou por isso. Mas agora na Câmara dos Comuns, durante as perguntas à primeira-ministra, ela frequentemente leva a melhor sobre Jeremy Corbyn, que também não é grande espingarda, diga-se.
Para os egoístas que só querem saber se vão ter de pagar direitos sobre os goodies britânicos que importam (whiskies, livros, roupinhas) a minha leitura atenta do calhamaço de seiscentas folhas leva-me a crer que ficará tudo na mesma.
Esperemos que a “Breentry” seja menos tóxica, morosa e abstrusa.