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Sociedade do crime chefiava burlas de milhões a empresas

Sociedade do crime chefiava burlas de milhões a empresas

Um grupo de cadastrados por crimes que vão desde burlas a tráfico de drogas e aos roubos armados, decidiu juntar-se e montar um esquema que lhes deu milhões a ganhar.

Montavam empresas que compravam todo o tipo de produtos sem os pagar, vendendo-os a preços de saldo a grandes empresas de distribuição. Um dos principais clientes foi a Henisa Cash&Carry, cujo sócio-gerente foi detido por recetação pela Polícia Judiciária (PJ) de Leiria, a meio da semana passada, juntamente com mais 17 pessoas. Os prejuízos ao Estado e a empresas ultrapassa os dez milhões de euros e as queixas continuam a chegar.

Artur Vieira, conhecido por "Pipão", Carlos Martinho, Nuno Barata, Manuel Machado, José Chalaça, ou Carlos Casegas juntam, entre todos, cadastros por crimes de falsificação de moeda, burla, tráfico de drogas ou assaltos à mão armada. Um ("Pipão") estava em liberdade condicional, dois tinham penas de prisão para cumprir (Barata sete anos e Machado 12) e outros dois (Martinho e Chalaça) já tinham sido presos este ano e estavam na cadeia, onde também foram alvo de buscas.

Dinheiro "instantâneo"

Não admira, portanto, que não dessem a cara por nenhuma das sete empresas que criaram com um objetivo bem claro: fazer o máximo de dinheiro de forma quase instantânea, à custa de empresas sérias e do prejuízo do Fisco.

Para isso, valeram-se de pessoas sem qualquer registo criminal a quem pagavam para assumir a titularidade de empresas, abrirem contas em bancos e assinarem cheques. Uma das empresas, a FavoritiCordial, viria a dar o nome à operação da PJ - "Cordial Mente".

As empresas ficavam sediadas no mesmo local pouco mais de dois meses. O tempo de o grupo comprar dezenas e, por vezes, centenas de milhares de euros em bens alimentícios, maquinaria e eletrodomésticos, pagar com cheques pré-datados a 30 dias que não tinham cobertura e de as empresas vendedoras perceberem que tinham sido vigarizadas. Logo que isso acontecia, fechavam a "loja", destruíam ou transferiam de local toda a documentação e mudavam-se para novas instalações, com outros contactos.

O lucro já estava no bolso e o grosso era garantido por grandes revendedores que lhes compravam as mercadorias resultantes das burlas a preços muito abaixo do custo. Um dos principais, a Henisa, terá comprado centenas de milhares de euros em bens para revender e, por isso, o seu sócio-gerente, Henrique Araújo, figurou entre os detidos, por crime de recetação. A PJ fez buscas em sua casa e na Henisa, na Maia, onde apreendeu vária documentação e grande número de produtos. O gerente foi libertado mas está obrigado a apresentar-se periodicamente às autoridades.

O esquema durou três anos, pois as primeiras queixas de empresas burladas surgiram em 2015. E ainda não pararam de chegar às autoridades. As investigações da PJ de Leiria e do Ministério Público de Santarém e Tomar continuam.

Telemóvel e documentos na cadeia

Apesar de estar na cadeia, as autoridades acreditam que um dos implicados continuava a participar na gestão das empresas usadas nas burlas com aquisição de mercadorias. Foram feitas buscas na cela de Carlos Martinho, na cadeia da Carregueira (foto) e encontrada documentação sobre as mesmas, para além de um telemóvel. A cela de José Chalaça, na cadeia de Elvas, também foi alvo de buscas, mas nada terá sido encontrado.

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