www.dinheirovivo.ptdinheirovivo.pt - 18 nov. 09:38

Construção olha para Luanda como "prioridade" e com "confiança"

Construção olha para Luanda como "prioridade" e com "confiança"

A vinda de João Lourenço a Portugal é encarada como mais um "sinal extremamente positivo para as empresas e para os empresários".
O setor da construção garante que Angola se mantém “uma prioridade” e aguarda com a “maior expectativa dos últimos anos” a “normalização” das relações bilaterais e a liquidação da dívida de “centenas de milhões de euros” às empresas portuguesas.

“Nestes últimos anos nunca tivemos uma situação de maior expectativa do que a que temos hoje”, afirmou o presidente da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN) em declarações à agência Lusa a propósito da visita a Portugal do Presidente de Angola, João Lourenço.

Na opinião de Manuel Reis Campos, a visita do primeiro-ministro português a Angola, em setembro passado, foi “um passo significativo para a estabilização do diálogo” entre os dois países e teve “bons resultados”, nomeadamente a “disponibilidade” manifestada pelo Governo angolano para, após certificação, liquidar as dívidas às empresas portuguesas.

A vinda de João Lourenço a Portugal é encarada como mais um “sinal extremamente positivo para as empresas e para os empresários” portugueses da construção, que, garante Reis Campos, “querem continuar a pertencer ao futuro de Angola”.

“A esmagadora maioria dos empresários portugueses continua a manifestar confiança no mercado angolano”, sustenta o dirigente empresarial, destacando que as “ligações históricas” entre os dois países “perspetivam Angola como uma prioridade” e apontando as “expectativas positivas de regresso a um crescimento significativo” do setor da construção naquele país africano.

De acordo com o presidente da AICCOPN, além da questão central das dívidas às empresas portuguesas – que Reis Campos acredita serem na ordem de “algumas centenas de milhões de euros” -, o setor gostaria de ver em cima da mesa na visita da próxima semana de João Lourenço o tema da formação profissional e do intercâmbio de trabalhadores da construção, num contexto de manifesta falta de mão-de-obra em Portugal.

“Com a saída, devido à crise, de 260 mil trabalhadores nos últimos seis/sete anos temos falta de mão-de-obra e em Angola há recursos naturais disponíveis e necessidades de capacidade de fabrico local para reduzir a dependência das importações e de formação básica profissional e superior”, referiu.

Dispondo Portugal de dois centros de formação profissional “de excelência”, mas atualmente “mal aproveitados”, no setor da construção, a AICCOPN considera “importantíssima” a assinatura de um protocolo de cooperação com Angola para “criação de sistemas de equivalências e formatação de conteúdos” e de um “mecanismo de mobilidade transnacional de trabalhadores locais” que permita colmatar a falta de mão-de-obra em Portugal.

“Num momento em que a mão-de-obra é o principal problema das empresas, que está até a levar a que alguns concursos fiquem desertos porque as empresas nem lá vão por aqueles preços, deveria ser privilegiada a formação de trabalhadores angolanos, dando essa possibilidade aos nossos centros que são de excelência. Era bom para Angola, Portugal e para o setor”, sustenta Reis Campos.

Entre as construtoras portuguesas que reclamam dívidas ao Estado angolano estão a Mota-Engil, a Teixeira Duarte e a Soares da Costa, esta última atualmente em Processo Especial de Revitalização (PER) e sem capacidade para pagar aos trabalhadores porque, segundo a administração, não consegue transferir para Portugal 15 milhões de euros que tem retidos em bancos angolanos.

Segundo adiantou à Lusa fonte oficial da Soares da Costa, a dívida de Angola à empresa “é superior a uma centena de milhões de euros” e teve “um enorme impacto” na saúde financeira da construtora, cuja deterioração acabou por conduzir à atual situação.

Apesar de praticamente não ter obras em Portugal, a Soares da Costa diz que a atividade “tem corrido bem” em Angola, mercado que representa hoje “cerca de 60%” da sua faturação, correspondendo Moçambique aos restantes 40%.

Já a Mota-Engil fala em “bons e maus momentos” vividos em Angola, onde está presente há 70 anos e tem centenas de quadros portugueses a trabalhar.

Em setembro, em declarações à Lusa durante a visita de trabalho de António Costa a Angola, o conselheiro da construtora, Jorge Coelho, afirmou que a Mota-Engil soube “ajustar-se” à crise angolana e hoje “está bem” e com uma “visão muito positiva do país e daquilo que vai ser no futuro”.

Na quinta-feira, António Costa considerou que a visita de João Lourenço, entre 22 e 24 de novembro, é “um momento alto” nas relações luso-angolanas e adiantou que espera concretizar o processo de certificação das dívidas a empresas portuguesas.

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