visao.sapo.ptvisao.sapo.pt - 17 nov. 09:30

Grupo radical casuals envolvido no ataque à Academia de Alcochete

Grupo radical casuals envolvido no ataque à Academia de Alcochete

Segundo o Ministério Público, alguns elementos da Juventude Leonina acusados de terrorismo pertencem ao subgrupo casuals, adeptos radicais que se tornaram mediáticos com a “invasão” ao Estádio do Dragão, em 2013, um episódio citado no despacho de acusação

Entre os 42 adeptos do Sporting acusados de múltiplos crimes, incluindo o de terrorismo, na sequência do ataque à Academia de Alcochete, há “alguns” que integram o subgrupo casuals (casuais) da Juventude Leonina, lê-se no despacho de acusação assinado pela procuradora C��ndida Vilar.

Os casuals constituem uma fação radical de adeptos, inspirada na cultura hooligan inglesa e conotada com “a prática de ações violentas de rua, designadamente rixas entre grupos de adeptos rivais”, escreve a responsável pela investigação. Agem em grupo para criar “um clima de terror e pânico em dias de jogos”, acrescenta a procuradora do Ministério Público, recordando, no despacho de acusação, a ação mais mediática deste grupo, quando cerca de 100 elementos, na sua maioria vestidos de preto e com a cara tapada, semearam o caos no exterior do Estádio do Dragão, antes de um FC Porto-Sporting: “Foi o que aconteceu com a ‘invasão ao estádio do FCP, em 14 de outubro de 2013, cuja ação é característica da cultura ultra, conhecida das autoridades por método idênticos aos da guerrilha urbana, ou seja, ataques em grupo, utilizando tochas, paus, garrafas e pedras, com o propósito de agredirem grupos rivais e, face à aproximação das autoridades policiais, fuga rápida dos locais, deixando para trás um rasto de violência e adeptos feridos.”

Dos 99 indivíduos identificados na altura pela PSP, 87 acabaram por ser constituídos arguidos, incluindo seis membros da claque portista Super Dragões, com quem se envolveram em confrontos. Mas a esmagadora maioria destes adeptos não foi sequer pronunciada para julgamento, aceitando a proposta do juiz de pagar 250 euros a uma instituição de solidariedade social.

Uma das marcas registadas dos grupos casuals (também são conhecidos das autoridades nos outros principais clubes portugueses) é atuarem sob anonimato, na maior parte das vezes longe das câmaras de televisão e das autoridades. Quando isso é inevitável, recorrem a capuzes e balaclavas para não serem reconhecidos. Em várias mensagens intercetadas pelos investigadores do ataque de 15 de maio à Academia de Alcochete, apela-se ao uso das tais balaclavas, máscaras que cobrem quase todo o rosto, com exceção dos olhos e da boca, popularizadas no cinema em cenas de assaltos. Apenas seis dos 41 “invasores” do centro de treinos do Sporting entraram de rosto descoberto, incluindo o ex-líder da Juve Leo Fernando Mendes.

Apesar de poderem ser convocados para ações específicas das claques, assumindo-se como uma espécie de braço-armado em cenários de violência, os casuals regem-se por uma agenda independente, à margem da hierarquia da claque. São uma espécie de hooligans por conta própria, que preferem agir na sombra, muitas vezes em confrontos secretos, combinados via internet, com grupos rivais - só para medirem forças e ver quem bate mais.

Numa investigação intitulada “Subculturas de adeptos de futebol e hostilidades violentas - o caso português no contexto europeu”, a socióloga Salomé Marivoet enfatiza precisamente que uma das diferenças de atuação dos casuals para os outros membros das claques é a aposta numa “premeditação estratégica” das suas ações, tendencialmente agendadas nas redes sociais. No despacho de acusação que concluiu esta quinta-feira, 15, a procuradora Cândida Vilar cita inúmeras mensagens, em grupos criados na aplicação Whatsapp, que, no seu entender, implicam 35 dos arguidos nos preparativos do ataque à Academia de Alcochete. Dois deles, do subgrupo casuals, são também identificados como os responsáveis pela aquisição das tochas que voaram na direção do guarda-redes Rui Patrício no Sporting-Benfica, disputado dez dias antes daquilo que o Ministério Público vê como um ato de terrorismo contra toda a estrutura do futebol leonino.

NewsItem [
pubDate=2018-11-17 10:30:19.0
, url=http://visao.sapo.pt/actualidade/futebol/2018-11-17-Grupo-radical-casuals-envolvido-no-ataque-a-Academia-de-Alcochete
, host=visao.sapo.pt
, wordCount=580
, contentCount=1
, socialActionCount=4
, slug=2018_11_17_684198651_grupo-radical-casuals-envolvido-no-ataque-a-academia-de-alcochete
, topics=[estádio do dragão, ministério público, academia de alcochete, cândida vilar, sporting, desporto, futebol, juventude leonina]
, sections=[desporto, actualidade]
, score=0.000000]