Charlie Shots. De quinta-feira até sábado, as noites prolongam -se até às 4h da manhã na Rua das Janelas Verdes, em Lisboa. O cartão de shots é uma tentação. Uma vez carimbados os oito espaços minúsculos, toma lá um shot de borla.
Na noite de 14 de Julho de 1999, a coisa descamba e o cartão da tentação multiplica-se num abrir e fechar de olhos.

Se a coisa descamba, como é que sei a data de cor e salteado? Porque é a primeira vez que falho mais que uma vez a chave na porta de casa, é a primeira vez que me deito sem saber se fechei a porta (tranquilo, fechei mesmo) e é a primeira vez que sou acordado por um duplo som: o do despertador e o do telemóvel, com uma chamada dos meus pais, de férias.

O amanhecer é duro. Chiça, que chapada monumental. Siga a marinha. Para o aeroporto. Há um avião para apanhar, às sete e pouco. O destino é Estocolmo, com escala em Zurique, sempre pela Swissair. Vai começar o Euro sub -18, na Suécia.
Quando chego ao terminal, a ressaca é grande, enorme. Lê-se 33C no meu cartão de embarque. Quando chego, os lugares A e B estão já ocupados. Bem bom, é sentar e dormir atéééé... Só que não. O 33B é de Vasco Faísca, então a jogar no Lourinhanense. Quando lhe faço a pergunta sobre o dia-a-dia na Lourinhã, terra do meu pai, lá se vai o sono. E a ressaca. Até hoje.