www.sabado.ptleitores@sabado.cofina.pt (Sábado) - 16 nov. 06:57

O Dr. Bruno de Carvalho, o IRA e outras touradas

O Dr. Bruno de Carvalho, o IRA e outras touradas

Fiquei muito intrigada ontem com aquela reportagem que deu no telejornal da 4 (eu ainda digo assim, que sou das antigas e não se me ajeita os nomes novos que eles dão as coisas). - Opinião , Sábado.

Cá estou eu outra vez agarrada ao tablete, para fazer um apanhado do que se tem passado esta semana. Hoje com um bocadinho menos de vagar que ó costume, que se pôs um dia de Primavera e quando é assim é aproveitar para pôr a roupa a corar do lado de fora da janela. Que isto com a chuva o que eu faço é estender uma corda de um lado ao outro da cozinha, um prego na esquina da porta e outro na chaminé e penduro lá a roupa. Menos os lençóis, que ficam a arrojar por o chão, esses é em cima das ports do roupeiro. Que ninguém diga que eu cá não sou prática. Agora o que é que o marido se queixa muito, lá com a corda da roupa na cozinha, é das ceroulas a cheirar a patanisca. E tem razão. Isto não há nada como o sol.

E estendendo a roupa à janela, sempre evito de me andar o gato a ver se me apanha as colãs de descanso, que o raio do bicho parece que não pode ver nada pendurado.

Por falar nisso, no raio do bicho vá, fiquei muito intrigada ontem com aquela reportagem que deu no telejornal da 4 (eu ainda digo assim, que sou das antigas e não se me ajeita os nomes novos que eles dão as coisas).

Por falar em nomes que eles dão as coisas, fiquei então a saber que o IRA agora é uma coisa de proteção dos animais. No meu tempo, se não me falha a cabeça, era um grupo de estrangeiros de meias de vidro na cabeça que dizia poucas e boas da rainha da Inglaterra. Agora que mal é que a mulher lhes fez, essa parte nunca cheguei bem a apanhar. Mas prontos, a gente não podemos agradar a todos. Aquilo vai na volta foi alguma coisa que a senhora disse naqueles dias em que a gente acordamos mais viradas do avesso, que a rainha tem mesmo ar de que quando lhe chega a mostarda ao nariz o melhor é nem lhe dizer mais nada. E é o que pertence, que é a rainha da Inglaterra, não é a filha da mulher da fruta, não é verdade?

Atão, segundo a reportagem, esses tais do IRA dos animais acabam por ser é todos uma gandulagem pegada, que não vai de modas e que leva tudo à frente.

Lá vão eles de gorro na cabeça, fazer justiça por os animais. São assim uma espécie de zorro, só que é que sem capa. Fazem mal, que a capa é uma coisa que compõe muito.

Bom, e então diz que andam à procura de animais mal tratados. O que é uma coisa boa. E diz que vão lá e salvam o bicho. O que é uma coisa boa. E diz que, se for preciso, ainda dão umas cacetadas no dono do animal. O que é uma coisa boa, mas também uma coisa má, que acabam por tirar o trabalho à polícia e aos dos tribunais e essa gente também precisa de viver. E eu não gosto de ver ninguém maltratado. Nem gente, nem animais. A gente não somos animais. Quer dizer, a gente somos no bom sentido. Quer dizer, isto não é que haja animais no mau sentido. Eu, por exemplo, acho que lá nisso de salvar os animais a gente não se podemos portar como uns animais.

Olha, como se vê, isto da política é uma coisa muito complicada. Irra! IRA!

Por falar em IRA, outra coisa que eles andam agora a discutir é baixar o IVA aos toiros. Afinal, depois daquela conversa toda, a Doutora Ministra por um lado, o Doutor Alegre por outro e o Doutor Costa ainda mais por outro, vai-se a ver e afinal fica o dito por não dito.

Eu por acaso, até sou da opinião de que é uma coisa boa baixarem o IVA aos toiros, que os bichos, coitados, também não devem de ganhar nada por aí além. É verdade que pouco gastam, que comem mais tudo à base de forragem, mas mesmo assim. Até porque é um animal que não tem direito a reforma. Já se sabe para o que é que é. Então se lhe baixarem um bocadinho o IVA, é uma obra que lhes fazem, coitados, lá para as despesas deles.

E por falar em despesa, uma bonita despesa foi a que deram ao Doutor Bruno de Carvalho, cartorze mil contos na moeda antiga. É verdade que isto hoje em dia é pouco mais que dois meses de renda em Lisboa, mas mesmo assim, deixá-lo. É dinheiro.

Então e o que foi? É que enjaularam o homem, salvo seja, mas agora já está cá fora. Com menos quatro dias de sono e a carteira um bocadinho mais leve.

Acusaram o homem de uma tombada de crimes, mas parece que afinal não havia provas de nada. Ora não me parece bem andarem a brincar assim com a vida de uma pessoa.

E fiquei aqui a pensar se, como isto anda sempre tudo ligado, não teriam sido lá os rapazes do IRA a andar à castanhada aos jogadores do Sporting. Instruídos por o PAN, claro. Para ver se acabavam com a tourada.

É que está bom de ver que isto tudo somado: as cartas para trás e para a frente, mais as armas de Tancos, mais as passwords dos deputados, mais as unhas, mais as virgens ofendidas,  mais este, mais o outro, se há coisa que vai de feição, é a tourada à portuguesa.

E como pelos vistos, a gente damos conta do recado uns com os outros, também escusavam era de meter os pobres bichos ao barulho.

E prontos, hoje fico-me por aqui, que tenho de desligar o tablete, que isto chupa muita electricidade. E se a gente queremos poupar na luz, o melhor é nem a ligar, lá diz o Ministro.

E diz bem.

Com licença.

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