www.jornaldenegocios.ptjornaldenegocios.pt - 13 nov. 16:17

FMI diz que estímulos orçamentais terão impacto negativo e teme recessão em Itália

FMI diz que estímulos orçamentais terão impacto negativo e teme recessão em Itália

O Fundo Monetário Internacional considera que os estímulos previstos no Orçamento do Estado para 2019 de Itália terão um impacto negativo a médio prazo. Os técnicos consideram que há perigo de recessão.

Itália ficará "muito vulnerável" caso avance com o orçamento expansionista que enviou a Bruxelas a 15 de Outubro. Acresce que o impacto a médio prazo dessas medidas será negativo. A avaliação é feita pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) que terminou esta terça-feira, 13 de Novembro, mais uma visita de monitorização ao país, no mesmo dia em que acaba o prazo para o Governo entregar um novo esboço do Orçamento à Comissão Europeia.


"O impacto dos estímulos no crescimento [económico] será incerto durante os pr��ximos dois anos e provavelmente negativo no médio prazo, se os spreads elevados persistirem", lê-se no comunicado divulgado pelo FMI esta tarde. Os técnicos do Fundo admitem que possa haver um impacto positivo a curto prazo, mas esse efeito será apagado pelo impacto negativo do aumento dos juros da dívida pública italiana à medida que esse custo se transfere para o sector privado, principalmente para os bancos, que já estão numa situação frágil. 

Esse cenário, a concretizar-se, também dificultará a redução do défice orçamental - deverá manter-se perto dos 3% - e, consequentemente, do rácio da dívida pública no PIB, que deverá fixar-se nos 130% durante os próximos três anos, mantendo-se como a segunda maior da União Europeia. Os estímulos orçamentais não seriam capaz de colocar a economia a crescer muito mais do que 1% entre 2018 e 2020, segundo as previsões do FMI, travando ainda mais nos anos seguintes. 

Os perigos podem materializar-se de tal forma que Itália arrisca-se a entrar em recessão. Se os impactos forçarem a um ajustamento orçamental significativo e a economia estiver fraca, "isso poderá transformar uma desaceleração numa recessão", antecipam os técnicos do Fundo, juntando-se assim aos avisos que têm sido dados pela Comissão Europeia nas últimas semanas. O Governo italiano tem até hoje à meia noite para entregar uma versão modificada da sua proposta para o OE 2019.

#Italy needs more growth and social inclusion. The Fund’s annual economic review proposes ways to grow faster and reduce the country’s vulnerability to financial turbulences. https://t.co/LZ0xInSqkc pic.twitter.com/rtO5MjF5Sl

— IMF (@IMFNews) 13 de novembro de 2018

Apesar das críticas, o Fundo elogia o ênfase dado pelo Executivo ao crescimento económico e à inclusão social. Contudo, considera que o caminho é outro: a receita passa por reformas estruturais, consolidação orçamental (mas lenta) e medidas para reforçar a resiliência dos bancos. 


"Recomendamos que se proceda a uma modesta e gradual consolidação orçamental para ajudar a dívida pública a entrar numa trajectória descendente e reduzir os custos de financiamento", começam por explicar os técnicos, assinalando que é "prudente" consolidar as finanças públicas numa altura em que o ambiente externo é favorável. Este ajustamento terá de ser aliado à mudança da composição de políticas que promovam o crescimento económico e a inclusão social. 

O FMI considera que o pesado sistema de pensões e a pouca carga fiscal sobre a acumulação de riqueza favorece as gerações mais velhas "à custa" das gerações mais novas que são alvo de uma carga fiscal elevada sobre o trabalho e beneficiam pouco do investimento público por parte do Estado. "Reequilibrar as políticas de forma a estas serem mais amigas do crescimento e inclusivas requer uma redução da despesa corrente, a protecção dos pobres, um aumento do investimento público, uma ampliação da base dos impostos e uma diminuição das taxas de imposto nos factores produtivos", aconselha o Fundo. 

Sem estas reformas, a entidade liderada por Christine Lagarde considera que a economia italiana continuará frouxa. No raio-X que faz a Itália, as consequências desse crescimento são visíveis: "Os rendimentos individuais reais estão ao nível de há duas décamas; o desemprego sitou-se em média nos 10% neste período; as condições de vida dos mais novos pioraram; e a emigração dos cidadãos italianos está perto de um máximo de cinco décadas". 

NewsItem [
pubDate=2018-11-13 17:17:33.0
, url=https://www.jornaldenegocios.pt/economia/europa/detalhe/fmi-diz-que-estimulos-orcamentais-terao-impacto-negativo-e-teme-recessao-em-italia
, host=www.jornaldenegocios.pt
, wordCount=617
, contentCount=1
, socialActionCount=6
, slug=2018_11_13_837176723_fmi-diz-que-estimulos-orcamentais-terao-impacto-negativo-e-teme-recessao-em-italia
, topics=[europa, fmi, fundo monetário internacional, orçamento, itália, orçamento do estado para 2019]
, sections=[economia, actualidade]
, score=0.000000]