expresso.sapo.pt - 13 nov. 16:26
“Diga ao seu chefe que a coisa está feita.” O príncipe saudita terá sido informado da morte de Khashoggi
“Diga ao seu chefe que a coisa está feita.” O príncipe saudita terá sido informado da morte de Khashoggi
Foi assim que uma pessoa próxima de Muhamad bin Salman falou a um assessor do príncipe-herdeiro após o assassinato de Jamal Khashoggi no consulado de Istambul
Continuam a avolumar-se os indícios que de que o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi no consulado turco em Istambul foi mesmo ordenado pelo príncipe-herdeiro Muhamad Bin Salman.
Numa chamada telefónica intercetada logo após o crime, Maher Abdulaziz Mutreb, um homem da segurança que é visto com frequência junto do príncipe no país e em viagens ao estrangeiro, fala com uma pessoa que se presume ser um assessor de Bin Salman: "Diga ao seu chefe que a coisa está feita".
A informação foi publicada no diário “The New York Times”, que nota que, embora a conversa não refira expressamente o príncipe, o significado dela parece ser claro. "Um telefonema como este", diz um ex-agente da CIA, "é uma prova bastante incriminatória".
Recentemente, o Presidente turco Recep Tayip Erdogan referiu publicamente que cópias de uma gravação incriminatória feita no consulado saudita foram entregues a vários países aliados, bem como à Arábia Saudita. Só o Canadá admitiu tê-la recebido. Mas pessoas que a conhecem parecem ter ficado extremamente chocadas (Khashoggi foi estrangulado logo que entrou no consulado, e a seguir o seu corpo foi desmembrado com uma serra) e não é improvável que ela acabe por surgir em público, em especial se os Estados Unidos recusarem tomar a posição firme que Erdogan exige.
Sabe-se que a diretora da CIA, Gina Haspel, ouviu a gravação quando visitou Istambul há umas semanas. O presidente norte-americano, Donald Trump, disse na semana passada que esta semana deverá ter formado uma opinião muito mais forte sobre o assunto.
Embora Trump e os seus assessores próximos tenham estabelecido uma aliança próxima com Bin Salman, com quem contam para os ajudar a combater a influência iraniana na região, o facto de a Câmara dos Representantes passar para a mão dos democratas torna mais difícil escamotear as atrocidades sauditas - não apenas o assassinato de Khashoggi mas também uma guerra no Iémen que já provocou uma fome maciça, e ainda as prisões de centenas de jornalistas e dissidentes na Arábia Saudita.