expresso.sapo.ptexpresso.sapo.pt - 13 nov. 21:20

Brexit. Eurocéticos do partido Conservador contra acordo que torna país “vassalo”

Brexit. Eurocéticos do partido Conservador contra acordo que torna país “vassalo”

Ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Boris Johnson entende que o Reino Unido vai “ter de aceitar regras e regulamentos ditados por Bruxelas”, tornando o Reino Unido num país subordinado às regras da União Europeia

Dois deputados eurocéticos influentes no partido Conservador criticaram o acordo para o 'Brexit' anunciado pela primeira-ministra britânica, Theresa May, por tornar o Reino Unido um país "vassalo" de Bruxelas. O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Boris Johnson entende que o Reino Unido vai "ter de aceitar regras e regulamentos ditados por Bruxelas", tornando o Reino Unido num país subordinado às regras da União Europeia,

Em declarações à BBC, disse esperar que os ministros "considerem com cuidado" o texto, cujo conteúdo ainda não for tornado público e que está a ser mostrado a cada membro do governo individualmente. Mas Johnson acredita que "o mais certo seria aconselharem a primeira-ministra de que não será aceitável para o parlamento ou para os britânicos porque não respeitaria o resultado do referendo".

O deputado está convencido de que a questão da fronteira na Irlanda do Norte "foi escalada de forma propositada" e defende em alternativa um acordo de livre comércio com a UE semelhante ao que tem, por exemplo, o Canadá. Esta opção também é favorecida por Jacob Rees-Mogg, outro deputado conservador influente entre a ala eurocética e que também incentiva os ministros a recusarem o texto.

"Se o que ouvimos é verdade, não satisfaz o programa do partido Conservador e muitos dos compromissos que a primeira-ministra fez. Vai manter-nos na união aduaneira e no mercado interno, seremos um estado vassalo, é um fracasso do governo na negociação e na concretização do referendo sobre o Brexit", disse à BBC.

Um "rascunho do acordo" de saída do Reino Unido da União Europeia vai ser avaliado na quarta-feira, num conselho de ministros, "para decidir os próximos passos", anunciou um porta-voz da primeira-ministra, Theresa May. "O conselho de ministros vai reunir-se às 14h00 horas de amanhã [quarta-feira] para considerar o rascunho do acordo que as equipas negociadoras alcançaram em Bruxelas e para decidir os próximos passos", adiantou.

A estação pública irlandesa RTE avançou que foi ultrapassado o impasse sobre a fronteira entre o território britânico da Irlanda do Norte e a República da Irlanda, Estado membro da UE, para evitar a introdução de controlos alfandegários. Em causa estava encontrar uma solução para a eventualidade de a relação futura entre o Reino Unido e o bloco não estar definida até ao final do período de transição, em dezembro de 2020, sem afetar a livre circulação de pessoas e mercadorias.

Para ser ratificado juntamente da UE, o texto terá de ser sujeito a um "voto significativo" no parlamento. Além de tentar conquistar a oposição interna dentro do seu próprio partido Conservador, Theresa May terá também de garantir o apoio de deputados de outros partidos.

Crucial será a posição do Partido Democrata Unionista, que fez um acordo de apoio ao governo para garantir uma maioria absoluta em Westminster, o qual está disposto a romper se não concordar com o acordo. Sammy Wilson, um dos 10 deputados dos unionistas, disse à BBC que é importante que "quaisquer que sejam que as providências que negociaram, que não tratem a Irlanda do Norte de maneira diferente do Reino Unido".

Por outro lado, estas providências relativas à relação com a união aduaneira têm de ser temporárias e, por fim, o governo britânico deve ter a capacidade de renunciar a este mecanismo.
Na sua opinião, o que conhece da solução é "profundamente insatisfatório".

Na oposição, também não existe solidariedade: Keir Starmer, ministro sombra do partido Trabalhista para as questões relacionadas com o Brexit, também não está otimista. "Tendo em conta a natureza caótica das negociações, é improvável que este seja um bom acordo para o país. Vamos esperar para ver o detalhe, mas dissemos uma série de vezes que se não estivesse de acordo com as nossas condições, não votaríamos a favor", afirmou à BBC.

O partido Trabalhista pretende que o Reino Unido negoceie a adesão a "uma união aduaneira permanente" e tenha uma relação forte com o mercado interno. "A primeira-ministra não negociou no interesse nacional, negociou o que pensou que seria possível passar pelos seus ministros", lamentou Starmer.

Vince Cable, líder dos Liberais Democratas, que é assumidamente pró-europeu e contra a saída britânica da UE, antevê "problemas" em aprovar esta proposta. "Um acordo deste tipo não vai passar nem responde às preocupações das pessoas neste país", vincou, reiterando que a alternativa é realizar um novo referendo. "Devemos ter um voto popular para resolver a questão", argumentou, acrescentando que essa será uma opção que vai surgir quando o texto for chumbado no parlamento britânico.

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