www.jn.ptjn.pt - 13 nov. 18:53

▶ Vídeo: Imogen Heap, música e Inteligência Artificial: o futuro está perto

▶ Vídeo: Imogen Heap, música e Inteligência Artificial: o futuro está perto

Blockchain, realidade aumentada, Inteligência Artificial. Imogen Heap esteve em Portugal a apontar caminhos para a indústria.

Imogen Heap teve o seu momento "Eureka" quando, aos 12 anos, descobriu um computador Atari. As músicas que andava a compor para uma orquestra imaginada, encontraram nesse instante um palco. E que grande era.

Quase trinta anos depois, a cantora, compositora e produtora britânica - que tem em "Hide and Seek", da série The O.C., o maior sucesso comercial - subiu ao palco da maior conferência de tecnologia do mundo, a Web Summit, para divulgar projetos que criou para responder a problemas (há lá mais empreendedor que isso).

Primeiro as luvas Mi.Mu, que Heap, tristemente, não pôde demonstrar na Altice Arena por falta de rede (!). O protótipo, com múltiplos sensores, leva oito anos em desenvolvimento, e pretende dar ao artista liberdade de ação e improvisação em palco.

TED Talk onde mostra como funcionam as luvas

Mas Imogen Heap tem outra batalha e essa ataca toda a indústria musical. Garante que metade dos 45 mil milhões que o setor gera todos os anos em royalties, não vão para os bolsos certos e que os artistas podem demorar até dois anos a receberem o que lhes é devido pela participação numa obra. Se com as luvas, Heap envisiona o poder total sobre o som, com o projeto Mycelia e o passaporte criativo, a ideia é devolver aos artistas o controlo sobre os direitos de autor.

Heap fez uma experiência em 2015 com o single "Tiny Human". Encontrou uma empresa que a ajudou a desenvolver um contrato inteligente e usou a tecnologia blockchain para monetizar o trabalho. Conseguiu que a cada download os músicos recebessem, instantaneamente, o que lhes era devido, nas suas carteiras virtuais. As vantagens, garante, não ficam por aí.

A Inteligência Artificial é já

A tecnologia leva mais de cem anos de relação com a música. As primeiras experiências com Inteligência Artificial (IA) também têm algum tempo, mas a sua popularização é mais recente. Desde logo, na área da criação musical com a chegada de plataformas como a Popgun, a Amper Music ou a Melodrive que prometem tornar o processo acessível a qualquer um.

Mas o alvo destes projetos são também os profissionais, como Taryn Southern, cantora norte-americana que lançou em setembro o seu álbum "I AM AI", com oito faixas integralmente produzidas com recurso a IA. Não que a IA lhe tenha feito o álbum - como fica bem demonstrado ouvindo esta faixa antes e depois da produção - mas deu-lhe a base. Taryn trabalhou com a Amper Music.

Brian Eno também recorreu extensamente à IA no mais recente álbum "Reflection". Em 2016, os laboratórios da Sony criaram a Flow Machines que, com a ajuda de Benoît Carré, cumpriu a missão de compor "uma música ao estilo dos Beatles". "Daddy"s Car" foi o resultado.

Na distribuição, plataformas como a Spotify, a Apple Music ou a Deezer falam por si sobre o avanço que leva a curadoria algorítmica baseada no comportamento dos utilizadores.

E várias editoras e artistas independentes começam a apostar na IA - por exemplo, com chatbots - para reforçarem a relação com os fãs. A tecnologia serve ainda um dos mantras do marketing moderno: a hiperpersonalização.

Vai a IA quebrar a barreira da singularidade e atingir independência criativa? Com base em que emoções ou experiências? E o que é que isso significará para a música e para os músicos? Ray Kurzveil, um precursor da área, hoje na Google, estima que essa singularidade possa ser atingida em 2045, mas a maioria dos empresários e músicos prefere abordar o papel da IA na música como um meio, não como um fim.

A relação é, de facto, ainda embrionária e o maior desafio que o setor enfrenta - com ou sem IA - continua a ser o da monetização. Da incerteza nasce a esperança: "Vivemos numa era de ouro para o ouvinte, talvez seja altura de criar uma era de ouro para quem faz música", disse Imogen Heap numa entrevista à margem da Web Summit. A tecnologia, acredita, está aí para ajudar.

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