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CP: Há novos horários, mas faltam os comboios

CP: Há novos horários, mas faltam os comboios

Foram suprimidos 19 comboios na hora de ponta na linha de Sintra só nos primeiros quatro dias com os novos horários.

Os horários na linha de Sintra foram repostos no domingo. A CP, no entanto, não tem realizado todas as viagens que estavam previstas. Desde segunda-feira, já foram suprimidos 19 comboios entre Lisboa-Rossio e Mira Sintra-Meleças, uma ligação que funciona sobretudo na hora de ponta e que deveria ter recuperado dos cortes impostos no início de agosto. A razão é a mesma de antes do Verão: os problemas com o material circulante têm impedido a empresa de aumentar a oferta nos períodos com mais passageiros. A comissão de trabalhadores da CP denuncia ainda a redução de lugares a nível nacional.

Os cortes na circulação registaram-se em dois períodos: de manhã, entre as 8h e as 10h, foram suprimidas 16 ligações (quatro por dia), entre segunda e quinta-feira; houve ainda três viagens que ficaram por realizar na terça e quarta-feira, segundo a informação disponibilizada na página oficial da IP – Infraestruturas de Portugal, a empresa que gere a rede ferroviária nacional. “Estas viagens não foram realizadas devido à imobilização do material circulante”, confirmou ao Dinheiro Vivo a comissão de trabalhadores da empresa gestora da rede ferroviária.

Desde domingo, a ligação entre Mira Sintra-Meleças e o Rossio voltou a ter quatro comboios por hora nas horas de ponta; nos últimos dois meses, apenas tinha havido duas ligações por hora durante o período de maior afluência neste troço. Fora das horas de ponta há uma viagem por hora. “Basta que um comboio avarie e que não haja material de substituição para que várias ligações sejam suprimidas”, explica Catarina Cardoso, da comissão de trabalhadores da CP. Isto quer dizer que os restantes comboios da linha de Sintra acabaram por circular ainda mais cheios.

A reposição de horários na linha de Sintra já tinha sido anunciada no final de julho pelo ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques. Na altura, também tinha sido anunciado o regresso dos horários normais na Linha de Cascais, que aconteceu no dia 9 de setembro, depois das alterações em agosto. Nessa altura, logo após o regresso dos horários, a CP também suprimiu comboios na hora de ponta na linha de Cascais por falta de material. Situação que só foi resolvida vários dias depois.

Problemas nos comboios regionais

Os problemas da CP não ficam por aqui. Na linha do Algarve, por exemplo, não há dia em que não seja suprimido um comboio, por causa dos problemas de manutenção com as automotoras a gasóleo UDD 450, compradas em 1965, e que também são usadas nas linhas do Oeste e entre Casa Branca e Beja, a parte não-eletrificada da Linha do Alentejo.

A falta de peças para reparar os comboios elétricos e a gasóleo e a falta de trabalhadores na EMEF, a empresa de manutenção ferroviária, são as razões apontadas pela comissão de trabalhadores da CP para os problemas. Catarina Cardoso denuncia ainda que está a ser reduzida a oferta de lugares nos serviços Intercidades e nos comboios regionais.

“Um comboio Intercidades, em vez de circular com uma automotora e cinco carruagens, funciona apenas com quatro carruagens; entre Tomar e Lisboa-Santa Apolónia, o comboio regional circula com apenas uma UTE 2240 (unidade tripla elétrica, com três carruagens) em vez de duas (seis carruagens), como acontecia habitualmente”, exemplifica. No serviço Intercidades, um dos mais rentáveis da CP, cerca de um quarto das carruagens estão paradas nas linhas a aguardar manutenção ou mesmo recuperação.

No serviço regional, apenas 39 das 55 unidades UTE 2240 estão a ser utilizadas pela CP, segundo informação obtida pelo Dinheiro Vivo junto de fontes do setor ferroviário. A redução da oferta no serviço regional tem provocado sérios problemas para os utentes que tentam chegar a Lisboa. Devido à sobrelotação das carruagens, dezenas de passageiros não conseguem entrar neste comboio, que deveria complementar a oferta de ligações suburbanas da periferia para Lisboa, noticiou no início do mês o jornal Público.

O Dinheiro Vivo confrontou a CP com estas questões mas não obteve qualquer reação até à hora de fecho desta edição.

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