observador.ptobservador.pt - 15 out. 08:23

Gigante do retalho americano Sears declara falência

Gigante do retalho americano Sears declara falência

Empresa não conseguiu cumprir com o pagamento de mais de 100 milhões de euros previsto para segunda-feira e declarou falência. Afetada pelo comércio online, a cadeia não tinha lucros desde 2010.

A cadeia de retalho norte-americana Sears, em tempos um gigante do comércio nos EUA, declarou falência na madrugada desta segunda-feira. O documento que atesta a decisão foi entregue num tribunal de Nova Iorque, no mesmo dia em que era devido um pagamento de dívida no valor de 134 milhões de dólares (115 milhões de euros), que a Sears não estava em condições de cumprir.

Em comunicado, o gestor de fundos de investimento Edward S. Lampert, responsável pela empresa, reconheceu que o plano que traçou para a Sears “não trouxe ainda os resultados” que esperava. Contudo, disse ter esperança que o processo de falência possa ajudar a empresa a livrar-se das dívidas que a atormentam e a recuperar.

À medida que nos aproximamos da época natalícia, as lojas da Sears e da Kmart [empresa que foi submetida a um processo de fusão com a Sears em 2005] continuarão abertas e os nossos dedicados funcionários estão prontos para servir os nossos membros e clientes”, afirmou Lampert.

Apesar do aparente otimismo de Lampert, a Sears também anunciou, de acordo com a CNN, que irá fechar pelo menos 142 lojas até ao final do ano — para além das 46 cujo encerramento já estava decidido.

A estratégia de gestão de Lampert, que tem vendido várias marcas e partes da empresa ao longo dos anos, tem sido questionada. Só na última década, a Sears eliminou mais de 200 mil postos de trabalho, à medida que lutava contra uma competição mais aguerrida por parte dos gigantes do comércio online como a Amazon, bem como contra uma dívida crescente.

De símbolo do retalho americano a empresa em queda livre

O retrato da empresa era, por isso, bem diferente daquele que muitos norte-americanos chegaram a conhecer. Fundada no século XIX, após o fim da Guerra Civil americana, a Sears, Roebuck & Company começou por vender para todo o país por catálogo, mas rapidamente se expandiu para várias lojas físicas. Na Sears, era possível comprar produtos de todo o tipo, desde eletrodomésticos a joias, passando por bens como bicicletas ou até mesmo automóveis. A empresa manteve à mesma um serviço de venda postal, enviando produtos para todo o país.

No pós-II Guerra Mundial, como recorda o New York Times, as lojas da Sears tornaram-se um símbolo da prosperidade económica agora acessível à classe média. “Há gerações de pessoas que cresceram com a Sears e agora isso já não é relevante”, analisou ao mesmo jornal Craig Johnson, presidente da consultora Customer Growth Partners. “Quando se está no negócio do comércio a retalho, tudo gira à volta da novidade. Mas a Sears deixou de inovar.”

Sears Holdings Initiates Processes To Accelerate Strategic Transformation And Facilitate Financial Restructuring https://t.co/393S7AHaD6

— Sears Holdings Corp. (@SearsHoldings) October 15, 2018

O declínio da cadeia acentuou-se na última década. Asfixiada por uma dívida crescente, o seu último ano com lucro foi em 2010. Desde então as vendas caíram 60% e a Sears perdeu mais de 10 mil milhões de euros, recorda a CNN. A CNBC garante que a empresa teria de gerar mais de um milhar de milhões de dólares por ano para conseguir subsistir. Ao todo, em poucos anos passou de 3500 lojas para menos de 900, despedindo milhares de trabalhadores pelo caminho.

Lampert mostra-se confiante de que a Sears possa ainda recuperar a saúde financeira e reerguer-se, mas os analistas financeiros têm dúvidas de que tal seja possível. “A Sears tem revelado uma e outra vez que não está capaz de responder ao desafio do mercado do retalho no ambiente competitivo de hoje em dia”, resume a analista da Bloomberg Sarah Halzack. “A empresa gosta de se gabar dos esforços que fez no comércio online e do seu programa Shop Your Way”, acrescenta. “Mas se estas ideias não trouxeram ainda vendas e ganhos mais fortes, não há nenhuma razão para ter confiança que isso acontecerá daqui para a frente.”

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