expresso.sapo.ptexpresso.sapo.pt - 20 ago. 20:55

ONG divulga nomes de padres acusados de abuso sexual a dias da visita do Papa Francisco à Irlanda

ONG divulga nomes de padres acusados de abuso sexual a dias da visita do Papa Francisco à Irlanda

Base de dados divulgada pela organização não-governamental Bishop Accountability inclui os nomes dos perpetradores e os crimes que cometeram ou as alegações que recaem sobre eles

A poucos dias da visita do Papa Francisco à Irlanda, a organização não-governamental Bishop Accountability divulgou uma base de dados com o nome de padres e outros clérigos condenados ou acusados de abuso sexual de crianças.

A ONG com sede nos EUA, e que investiga os abusos cometidos por membros da Igreja Católica, quer levar o Papa Francisco a divulgar ele próprio o nome dos clérigos envolvidos neste tipo de casos. “Ocultar os seus nomes coloca as crianças em risco, impede que as vítimas sejam levadas a sério e torna quase impossível para os fiéis proteger as suas famílias ou responsabilizar líderes da igreja”, afirmou Anne Barrett Doyle, co-diretora da ONG, citada pela agência de notícias Associated Press. Além dos nomes, constam da base de dados da organização os crimes cometidos ou as alegações que recaem sobre os perpetradores.

No próximo sábado e domingo, dias 25 e 26 de agosto, o Papa Francisco estará na Irlanda, país católico onde a credibilidade da Igreja está a ficar cada vez mais afetada devido às revelações feitas sobre padres que durante muitos anos abusaram sexualmente de crianças com a conivência dos seus superiores. O mesmo está a acontecer nos EUA, Chile e Austrália.

Recentemente, soube-se que um dos cardeais de confiança do Papa, o arcebispo reformado de Washington, Theodore McCarrick, terá abusado sexualmente e perseguido menores e seminaristas adultos. Segundo um relatório divulgado na semana passada pelo grande júri da Pensilvânia, pelo menos mil crianças foram vítimas de abusos cometidos por 300 padres nos últimos 70 anos.

Na sequência destas revelações e relatórios, o Papa Francisco divulgou, já esta segunda-feira, uma carta em que admite sentir “vergonha e arrependimento” pela forma como a Igreja Católica lidou com os crimes de abuso sexual. “Com vergonha e arrependimento, reconhecemos, como uma comunidade eclesial, que não estávamos onde devíamos estar, que não agimos da melhor forma, percebendo a magnitude e a gravidade dos danos que causámos a tantas vidas”, escreveu Francisco, acrescentando: “Nós não protegemos os mais pequenos, nós abandonámo-los”.

Na missiva, o Papa pede ainda que sejam apuradas responsabilidades e tomadas medidas para evitar que situações como as denunciadas se repitam. “Nenhum esforço deve ser poupado para criar uma cultura capaz de impedir que estas situações se repitam, mas também para evitar a possibilidade de serem encobertas e perpetuadas”, escreveu.

No domingo, o arcebispo de Dublin, Diarmuid Martin, já tinha pedido ao Papa que falasse “abertamente e com franqueza” sobre a conduta da Igreja Católica na Irlanda, defendendo que “pedir perdão não basta”.

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