visao.sapo.ptvisao.sapo.pt - 19 jul. 18:08

Viagens de luxo podem custar o cargo a deputado irlandês

Viagens de luxo podem custar o cargo a deputado irlandês

Um deputado do parlamento britânico está prestes a ser suspenso por ter feito duas viagens de luxo ao Sri Lanka, com a família, a expensas desse país insular, para depois fazer lobby a favor

Duas luxuosas viagens ao Sri Lanka, no valor de cerca de 112 mil euros, com direto a quartos “deluxe”, voos em primeira classe, viagens de helicópteros e passeios para ver a vida selvagem de um deputado irlandês e da sua família podem levar à destituição do mesmo.

Ian Paisley está prestes a ser o primeiro deputado do parlamento britânico a enfrentar o Recall Act 2015 e a ser deposto do cargo e, depois, enfrentar nova eleição. As contas para a primeira-ministra Theresa May ficarão ainda mais complicadas, já que Paisley é um dos 10 parlamentares do Partido Unionista Democrata (DUP na sigla inglesa), que vota ao lado do Governo, e as discussões para o Brexit estão a aproximar-se.

O Comittee on Standards (o equivalente a uma comissão de ética) da Câmara dos Comuns, o parlamento do Reino Unido, propôs, depois de uma longa análise às viagens, que o deputado fosse suspenso do cargo por 30 dias, a começar a 4 de setembro. Hoje mesmo, Paisley, eleito por North Antrim (na Irlanda do Norte), fez uma declaração no parlamento onde se disse muito arrependido do que aconteceu, mas pensou, na altura, que não estava a cometer nenhuma ilegalidade.

A história conta-se em duas penadas: em 2013, o deputado e a família fizeram duas viagens ao Sri Lanka a expensas do Governo local. Na primeira, Ian fez-se acompanhar da mulher e dos quatro filhos e, na segunda, da mulher e de dois filhos. Estas viagens, segundo contas do jornal The Daily Telegraph (que denunciou o caso), custaram cerca de 112 mil euros, embora Paisley tenha dito que não ultrapassaram metade desse valor, ou seja 56 mil euros.

Só que, de acordo com o código de conduta dos deputados, qualquer oferta tem de ser registada no parlamento e não pode ser superior a 738 euros.

Um ano depois, em 2014, Ian Paisley fez lobby contra uma proposta de resolução da ONU para investigar alegadas violações dos Direitos Humanos no Sri Lanka, mas a carta que escreveu ao primeiro-ministro de então, David Cameron, não mencionava as viagens nem os benefícios financeiros dali tirados.

Agora, e depois do caso ter sido denunciado, a investigação do Comittee on Standards decidiu que o deputado deve ser sancionado. Mas a nova lei aprovada em 2015, e posta em prática no ano seguinte, (a Recall Act 2015) diz que, quem for sancionado com uma pena de 10 ou mais dias, pode perder o lugar de deputado se houver uma petição de 10% do seu eleitorado nas seis semanas seguintes (no Reino Unido os círculos são uninominais, ou seja, os eleitores votam em pessoas, não em partidos). Caso esta petição seja entregue haverá uma nova votação apenas para aquele lugar de deputado (a figura chama-se by-election). E Ian Paisley pode concorrer de novo.

Ian Paisley tem o mesmo nome do pai, um dos fundadores do DUP, que foi primeiro primeiro-ministro da Irlanda do Norte entre 2007 e 2008. O, também, reverendo, era favorável à união entre o Reino Unido e a Irlanda do Norte.

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