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Fotografia. Maytree, um “santuário para suicidas”

Fotografia. Maytree, um “santuário para suicidas”

O centro de repouso Maytree, em Finsbury Park, Londres, é um “santu

O centro de repouso Maytree, em Finsbury Park, Londres, é um “santuário para suicidas”. “É um lugar especial”, garante o fotógrafo britânico Daniel Regan, que registou o quotidiano anónimo dos pacientes com tendências suicidas e fixou os rostos dos voluntários que os agarram à vida. “A sua abordagem não-clínica ao suicídio faz com que as pessoas se sintam relaxadas, como se estivessem num ambiente doméstico onde podem falar abertamente sobre os seus pensamentos suicidas”, explicou ao P3, em entrevista por email.

O centro nunca encerra. “Está aberto 24 horas por dia, 365 dias por ano” e ajuda quatro "hóspedes" de cada vez. Cada um tem o direito de ser ouvido a qualquer hora do dia — “e não apenas durante sessões diárias de 50 minutos”, como é frequente noutras instituições de saúde mental. “A enorme quantidade de pares e de voluntários com que o ‘paciente’ contacta durante a sua estadia”, que nunca ultrapassa os quatro dias consecutivos, “permite-lhe falar sobre as dificuldades e obter uma grande panóplia de perspectivas sobre a dor que enfrenta”. E isso é algo que o fotógrafo considera importante no processo de recuperação. “Por vezes, quando tinha pensamentos suicidas, não queria realmente morrer”, explicou ao P3. “Apenas não sabia como lidar com a tremenda dor emocional em que estava imerso.” Nessas alturas, sentiu que foi difícil encontrar apoio. “Falar disto com amigos ou familiares era muito difícil para eles. Mas ser ouvido é, sem dúvida, o primeiro passo para uma melhoria.”

O fotógrafo conhece bem a realidade de Maytree. Em 2005, quando se viu “invadido” por pensamentos suicidas, encontrou no centro uma tábua de salvação. “Fiquei fascinado com as conversas que tive com hóspedes e voluntários. Cada pessoa tinha uma história única, sempre relacionada com problemas de saúde mental ou suicídio, o que se revelou muito útil.” Daniel considera-se um artista e um “sobrevivente do suicídio”, motivo pelo qual o seu trabalho gira, não raramente, em torno de questões relacionadas com saúde mental.

Na opinião do fotógrafo, o suicídio "ainda é um tabu”. “Acho que falar de depressão e outras doenças se tornou mais fácil, com o tempo, mas falar de suicídio, de esquizofrenia e de outras patologias de foro mental ainda é muito difícil; são assuntos que se mantêm na obscuridade.” É por acreditar que é necessário “alargar” a discussão sobre o tema que fotografou I Want To Live e lançou o projecto em formato de fotolivro — cuja receita reverte a favor do centro.

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