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“A catástrofe que é o cinema português vai agravar-se”: António Pedro Vasconcelos abandona SECA

“A catástrofe que é o cinema português vai agravar-se”: António Pedro Vasconcelos abandona SECA

“Eu não posso nem quero ser cúmplice deste desastre anunciado”: estas são as palavras do realizador numa carta enviada ao presidente do Instituto do Cinema e Audiovisual, Luís Chaby Vaz, na qual se desvincula formalmente da SECA

O realizador António Pedro Vasconcelos desvinculou-se formalmente esta quinta-feira da Secção Especializada de CInema (SECA) do Conselho Nacional de Cultura. O cineasta repudia a posição do Instituto Cinema e Audiovisual (ICA) ao ter esta semana excluído da Secção Especializada de Cinema (SECA) José Carlos de Oliveira, o representante da associação de realizadores ARCA.

"Lamento profundamente que tenha, por iniciativa, vontade e convicção própria, ou por a isso ter sido obrigado pela tutela, subscrito as alterações legislativas vertidas na revisão do DL, na recomposição da SECA, na expulsão arbitrária do representante da ARCA, José Carlos de Oliveira, e nos novos regulamentos dos concursos" escreve António Pedro Vasconcelos a Luís Chaby Vaz, o presidente do ICA.

O realizador adianta ainda na missiva que "a catástrofe que é o cinema português, a sua situação de irrelevância junto do seu público e no estrangeiro (basta ver os números), vai agravar-se". "E eu não posso nem quero ser cúmplice deste desastre anunciado."

A saída da ARCA da SECA foi a gota de água para António Pedro Vasconcelos, que, em conversa com o Expresso, afirma que o ICA escolheu ter como interlocutor apenas uma associação de realizadores, a ARP. "As duas associações têm visões completamente diferentes sobre o que deve ser a intervenção pública do cinema em Portugal".

Vasconcelos diz que "é um erro dividir-se o cinema português em cinema de autor e cinema comercial e favorecer-se o dito cinema de autor que é o que não tem público", aliás, continua, "tem mais estrelas nos jornais do que público em sala". Essa dicotomia, acredita o realizador, tem favorecido a estagnação do cinema português. "A SECA não pode privilegiar uma associação sob o pretexto de que tem mais associados, coisa que nem foi verificada."

O problema, diz António Pedro, tinha de ser encarado com seriedade. "É abusivo e arbitrário estar a excluir uma dessas tendências do cinema." Este Governo, acusa o realizador, está a "contrariar o que António Costa prometeu, que o Governo não teria uma política do gosto". Em vez disso, continua, "tem um ministro da Cultura completamente ausente, que se deixa manipular em relação a ideias que ele não tem".

"Todas as alterações legislativas feitas agora beneficiaram a tendência do cinema de autor, a ponto de terem entregado a cinco jurados o poder discriminatório de decidir quem é que filma."

Vista como um ato de desconsideração, a "expulsão" da ARCA da SECA é ainda "uma fuga às responsabilidades". Por isso, diz Vasconcelos, a "minha saída é um alerta".

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