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Greve de camionistas deixa o Brasil do avesso sem combustível

Greve de camionistas deixa o Brasil do avesso sem combustível

O quarto dia de greve dos camionistas no Brasil, com manifestações e bloqueios em estradas de 23 Estados do país e no Distrito Federal, está a afetar o transporte e a distribuição de alimentos e combustíveis. Os sucessivos aumentos do preço do diesel - que subiu 50% desde julho de 2017 - são o motivo dos protestos.

Além do desabastecimento da população, verificado já em vários Estados do país, a greve comporta outras car��ncias. "Os riscos de desabastecimento atingem todas as regiões brasileiras e podem causar prejuízos ao funcionamento de serviços essenciais, como hospitais, escolas e creches, além de residências e o segmento empresarial", alertou o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás).

Greve aumenta preços e estraga alimentos

As falhas na distribuição estão a obrigar alguns estabelecimentos a aumentarem os preços dos bens alimentares e dos combustíveis, prática que a Fundação Procon (órgão público de defesa do consumidor) considera "abusiva".

Os produtores de leite de todo o país sentem os efeitos da greve, ao verem milhares de litros de leite serem descartados. Na região de Passos, sul de Minas Gerais, mais de 500 mil litros já foram inutilizados porque, com a falta de transporte, a validade do prazo para consumo do produto é ultrapassada.

Segundo a Associação Brasileira de Camionistas, havia, esta quinta-feira, 30 pontos interditados em estradas do país.

Autocarros parados

A Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo anunciou em comunicado que as empresas de autocarros metropolitanos estão a enfrentar problemas de abastecimento de combustível. Segundo o jornal "A Folha de S. Paulo", os autocarros estão a ser abastecidos em postos de gasolina convencionais, prática incomum, já que o abastecimento é feito diretamente a partir de garagens próprias. De acordo com a mesma entidade, algumas empresas estão a retirar combustível de veículos que se encontravam parados para manutenção.

No Estado de Rio de Janeiro, oito mil dos cerca de 23 mil autocarros que circulam (o equivalente a 30% do total) estiveram, esta quinta-feira, parados nas garagens e nos terminais, segundo informou a Fetranspor, empresa que gere a rede de transportes coletivos do Rio.

Greve afeta aviões

Devido à greve dos camionistas, seis aeroportos enfrentavam, na quarta-feira, problemas de abastecimento de combustível. Segundo o jornal "A Folha de S. Paulo", o aeroporto de Vilacopos foi abastecido ontem e tem reservas até apenas sexta-feira. O aeroporto internacional de Guarulhos, o maior do país, não deve sofrer os impactos da paralisação, uma vez que tem um centro de armazenamento próprio.

Um aeroporto necessita, diariamente, de vinte camiões de querosone (combustível próprio para aviões). Num dia normal, 20 camiões abastecem o aeroporto de Brasília mas, desde terça-feira, que apenas nove conseguiram chegar ao local.

O governo brasileiro negoceia, desde o início da semana, medidas para reduzir o preço do combustível.

A Petrobras calcula que a redução do preço do combustível em 10%, anunciada pelo governo na quarta-feira, terá uma diminuição de receita em cerca de 350 milhões de reais (81,8 milhões de euros), considerando o reajuste do preço do combustível e a expetativa de vendas no período de 15 dias. O mercado financeiro também está instável com os efeitos da greve dos camionistas.

Na Bolsa de Valores, o efeito da redução de preços pela Petrobras deve ser de grandes perdas para as ações da estatal. Antes da abertura do mercado, a queda das ações da Petrobras no estrangeiro (ADR) superava os 10% em Nova Iorque.

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