Cristina Azevedo - 24 mai. 00:01
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Escrevi aqui, na semana passada, sobre a crescente influência de Fátima no mundo católico e sobre o particular reconhecimento da sua hierarquia pelo Vaticano.
O convite a um cardeal chinês para presidir às cerimónias da primeira peregrinação aniversária do 13 de Maio do segundo século de Fátima tem um alcance político evidente considerando as negociações em curso entre o Vaticano e o Governo chinês para a retoma das relações diplomáticas entre os dois estados e a renovação da presença da Igreja Católica de Roma naquele país.
A confirmar o reconhecimento da influência do fenómeno de Fátima no Mundo, o Papa Francisco acaba de anunciar que vai nomear cardeal o bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto.
Como bem explica o vigário-geral da diocese de Leiria-Fátima, " (...) a nomeação dos cardeais é uma forma de estabelecer uma relação mais profunda entre a Sé de Roma - liderança universal da Igreja Católica - e as diferentes realidades da Igreja em todo o Mundo.
Os cardeais ficam inseridos na diocese de Roma, como colaboradores diretos do Papa, mas sem saírem da sua diocese local".
É, sem sombra dúvida, uma chamada à participação objetiva na ponderação e na ação sobre os dossiês que ocupam a hierarquia da Igreja no Mundo e onde Portugal, pela mão de Fátima e do seu atual bispo, passarão a ter uma influência acrescida.
Voltando à China, mas agora em matérias mais terrenas, devíamos estar a prestar mais atenção às negociações entre os EUA e a China no que diz respeito à ameaça de guerra comercial entre os dois colossos.
Segundo dados publicados no "Washington Post", a China terá mais a perder economicamente numa guerra global. A economia chinesa é completamente dependente das exportações e cerca de 20% das mesmas têm os EUA como destino.
Mas o valor exportado para os EUA - 560 mil milhões de dólares - não é comparável às importações dos EUA que atingem apenas os 130 mil milhões.
Ou seja, numa guerra comercial pura e dura os EUA ganhariam. No entanto, o conflito em causa não é apenas comercial. Como lembra o "Washington Post", a China pode retaliar com o fim da cooperação no dossiê das Coreias, pode vender dívida pública americana ou agir contra as principais empresas americanas com forte presença no território como a Apple, a Disney ou a Nike .
Por outro lado, os EUA não têm um superavit tão significativo como a China que lhes permita atenuar o choque inflacionista de uma guerra de tarifas generalizada.
Aparentemente, o último round de negociações terá deixada aberta uma porta para um entendimento. Mas ainda com diferenças muito relevantes.
Um desfecho negativo deste dossiê fará a crise de 2008 parecer uma brincadeira de crianças.
Mas, por cá, ainda vivemos de princesas e de futebol!
ANALISTA FINANCEIRA