expresso.sapo.ptexpresso.sapo.pt - 23 mai. 20:32

A odisseia de um “Imaginarius” em busca das raízes das artes de rua

A odisseia de um “Imaginarius” em busca das raízes das artes de rua

Festival Imaginarius transforma Santa Maria da Feira na capital das artes de rua entre esta quinta-feira e sábado. São mais de 300 artistas e 40 espetáculos (com várias estreias) para ver. O Expresso sugere-lhe uma mão cheia de criações para não se perder numa programação tão vasta

O Imaginarius - Festival Internacional de Teatro de Rua de Santa Maria da Feira chega à 18.ª edição e atinge a maioridade, assumindo-se como um evento incontornável para a aproximação e interação da cultura com o espaço público. O evento realizado durante três dias, entre quinta-feira e sábado, exalta incessantemente a inovação e tem no seu ADN disruptivo a confluência entre técnicas e linguagens, colocando os olhos, este ano, nas raízes e origens das artes de rua. Assume-se como uma ágora criativa multigeracional, um ponto de encontro para criadores nacionais e internacionais, desafiando limites, num jogo de exploração das fronteiras expressivas de diferentes práticas, abrindo alas a um desfile de odisseias e peripécias contemporâneas.

São mais de 300 artistas e 37 companhias oriundas de 17 países presentes num cartaz com 40 espetáculos (11 estreias absolutas e 24 nacionais), aliados a seis residências, três workshops e duas instalações. Dez freguesias do território de Santa Maria da Feira vão servir de montra, em praça pública, para 195 apresentações ou intervenções que compõem a oferta do Imaginarius, no qual a única constante é a reinvenção, como um “work in progress” permanente.

“O grande desafio, mais do que trazer ao festival os grandes projetos do circuito internacional, é desafiar os artistas a introduzirem novas técnicas e linguagens para surpreender o público. Há uma procura do novo em cada edição”, explica Bruno Costa, responsável pela direção artística do evento, função que partilha há cinco anos com Daniel Vilar. “Quisemos que as companhias olhassem para as origens das artes de rua e regressassem a técnicas que, na última década, não têm sido muito exploradas, eventualmente pela crise financeira”, acrescenta o programador, em declarações ao Expresso.

A formação de novos públicos é também uma das missões do certame, organizado pela Câmara de Santa Maria da Feira, sendo o resultado de uma aposta da autarquia para sensibilizar o público mais jovem para a arte pública. Nesse sentido, “as tardes de sexta e sábado vão ter uma programação, independentemente das secções, pensada para um público infantil e escolar”, frisa Bruno Costa.

A oferta completa e os horários podem ser consultados AQUI, mas o diretor artístico fez para o Expresso uma seleção com uma mão cheia de sugestões de espetáculos a não perder. Eis as escolhas de Bruno Costa:

“Odyssee”, Theater Gajes 25 maio 22:20 | 26 maio 22:45 Casa do Moinho

J. Helle

“É uma companhia holandesa que no último ano e meio trabalhou a partir da ‘Odisseia’ de Homero e que terminou a residência artística em Santa Maria da Feira nas duas semanas que antecederam o festival. Trata-se de um projeto de grande formato, com uma área de cena de 30 por 30 metros, em que o público é convidado a entrar, movimentando-se de acordo com as instruções dos artistas e interagindo com os elementos cénicos. Tudo se desenrola num contexto com efeitos especiais e música ao vivo. Temos nesta peça um Ulisses que pode ser um herói dos dias de hoje, que quer chegar a sua casa depois de ultrapassar os obstáculos. Podemos estar a falar do caso dos refugiados, que atravessam fronteiras e superam os riscos em busca de um abrigo seguro, ou simplesmente de todos os ulisses quotidianos que terminaram o seu dia de trabalho e que ainda têm uma aventura até chegar a casa. É uma odisseia contemporaneizada, que permite ao público recuar ao texto clássico e visualizá-lo de uma perspetiva atual.”

“HANNO”, Rui Paixão e Rina Marques 24 maio 22:40 | 25 maio 19:10 · 23:00 | 26 maio 19:20 · 21:30 Rossio

D.R.

“O espetáculo vive muito do movimento do teatro físico de Rui Paixão num encontro com a dança contemporânea de Rina Marques e obriga os artistas a adaptarem-se ao espaço físico, mantendo a mensagem que pretendem passar. O Rui Paixão é reconhecido a nível nacional e internacional pelas suas técnicas de ‘clown’ mas este ano essa linguagem ficará de lado. Desenvolveu um projeto, fruto da seleção da CALL - Apoio à Criação Local, que reside conceptualmente no apodrecimento de uma relação, levando o público até ao último encontro de um casal antes da separação. É uma peça que vive da fusão e vive na fronteira ténue entre as linguagens dos dois artistas, acompanhados da banda sonora de Cecília Costa, com percussão acústica e eletrónica que responde, em tempo real, aos movimentos do espetáculo e reage ao comportamento do público. As cenas estão predefinidas, mas há interação com a audiência.”

“Lonely are the lonely roads”, Ici’bas 24 maio 21:50 | 25 maio 21:00 · 22:50 | 26 maio 20:45 · 23:15 Convento dos Lóios

D.R.

“Esta companhia suíça venceu o ‘Mais Imaginarius’ no ano passado e nesta edição desenvolve um projeto a partir da solidão e da forma como lidamos com isso nos nossos tempos. São um conjunto de dois bailarinos, mas para abordar a temática da solidão trazem um terceiro elemento. Será mais um projeto que vive numa zona limítrofe entre a dança contemporânea e o teatro físico, sendo apresentado no Convento dos Lóios, um espaço mais intimista e introspectivo.”

“Insomnio”, Teatro do Mar 24 maio 23:15 | 25 maio 21:40 | 26 maio 22:00 Rossio

Alipio Padilha

“É provavelmente a companhia portuguesa mais internacional no âmbito das artes de rua e regressa aos médios e grandes formatos, deixados um pouco de lado na última década. É um projeto multidisciplinar com movimento contemporâneo circense, jogos de luz e sombra e projeções multimédia. Passa-nos uma visão da insónia e das suas consequências. É uma mensagem clara e simples de como podemos usar as insónias que nos afetam para conseguirmos chegar aos nossos sonhos e concretizá-los. Tem uma linguagem muito poética e emotiva, levando-nos a sentimentos antagónicos em diferentes momentos do espetáculo.”

“Silence!”, Les Commandos Percu 25 maio 23:30 | 26 maio 00:00 Piscinas Municipais

D.R.

“É um espetáculo musical de fusão entre a pirotecnia e a percussão, duas linguagens que normalmente associamos ao ruído, mas neste caso explora-se o silêncio. Procede a uma reflexão sobre a existência do silêncio nos nossos dias e de que forma está presente nas nossas vidas, convidando o público a mergulhar no silêncio até compreender a sua função, sendo rompido pela explosão de um vulcão. Todo o concerto se transforma num caos.”

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