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Birmânia. Grupo militante rohingya acusado de massacrar aldeias hindus em Rakhine

Birmânia. Grupo militante rohingya acusado de massacrar aldeias hindus em Rakhine

Pela primeira vez foram revelados indícios de que uma organização terrorista rohingya terá estado por trás de execuções de hindus.

Quase cem hindus foram massacrados no Verão passado em ataques orquestrados por um grupo terrorista rohingya, de acordo com as conclusões de uma investigação da Amnistia Internacional (AI). Trata-se da primeira investigação independente que responsabiliza o grupo que diz lutar pela defesa dos direitos desta minoria muçulmana da Birmânia.

A organização de defesa dos direitos humanos documentou ataques a duas aldeias hindus em Rakhine, no noroeste do país, em que ao todo terão sido executadas 99 pessoas, incluindo dezenas de mulheres e crianças. As testemunhas ouvidas pela AI contam que ao fim do dia um grupo de homens armados com metralhadoras e facas longas invadiu a aldeia e juntou dezenas de pessoas, roubando-as e pondo-lhes vendas nos olhos.

“Vi homens a segurar na cabeça e nos cabelos [das mulheres] e outros tinham facas nas mãos. Depois, cortaram-lhes as gargantas”, disse à Amnistia Formila, uma jovem hindu de 20 anos que conseguiu escapar.

A investigação baseou-se na recolha de testemunhos em Rakhine e em campos de refugiados no vizinho Bangladesh, e também em provas fotográficas que foram objecto de análise forense.

Em Setembro, tinham sido descobertos 45 corpos perto das aldeias onde ocorreram os massacres e as autoridades birmanesas culparam os militantes rohingya.

A Amnistia não tem dúvidas em apontar responsabilidades ao Exército de Salvação dos Rohingya de Arracão (ARSA, na sigla inglesa), um grupo que começou a operar em Rakhine em 2016 com o objectivo de defender os direitos desta minoria que se considera perseguida pelas autoridades birmanesas.

“A nossa investigação no terreno lança uma luz muito necessária sobre as violações de direitos humanos pouco conhecidas cometidas pelo ARSA durante a recente história negra do estado de Rakhine”, afirma a directora de resposta a crises da AI, Tirana Hassan.

Os massacres relatados ocorreram durante a noite de 25 de Agosto, no mesmo dia em que foram atacados vários postos da polícia birmanesa e uma base militar do Exército em Rakhine. Foi em resposta a estes ataques, reivindicados pelo ARSA, que o Exército birmanês lançou uma ofensiva contra a população rohingya que causou a fuga de mais de 700 mil pessoas para o Bangladesh durante os meses seguintes.

Durante a operação militar, multiplicaram-se os relatos de execuções, violações e pilhagens cometidos pelo Exército e subiu a pressão internacional para que a líder birmanesa Aung San Suu Kyi pusesse cobro à ofensiva.

Os rohingya são uma das minorias mais perseguidas do mundo. O Governo não os reconhece como cidadãos, vedando-lhes o acesso a serviços públicos e até restringindo a sua circulação.

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