A conversa foi solta. Um queria falar de coisas boas, o outro não estava para aí virado. Começamos com coisas simples, a sensação de nos deitarmos em lençóis lavados, torradas em pão alentejano pela manhã, dar um gole de cerveja ao final do dia, encontrar no bolso uma nota perdida ou dar uma boa notícia a alguém de que se gosta e acabámos no Barreiro, na forma como a reinvenção pessoal se toca com a reinvenção urbana. Por vezes não o conseguimos ver, mas está lá tudo. Às vezes é como o arquitecto que vai ver uma casa em ruínas. Onde uns vêm apenas entulho, ele consegue visualizar o potencial que está ali. A possibilidade do amor, bem como o engenho dos seres humanos, acontece onde tem de acontecer. Às vezes basta saber ver, projectar e fazer acontecer.