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▶ Vídeo: Festival De Berlim - A Berlinale encontra uma pequena pérola na escola

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Davide Pinheiro Vicente estreia-se nos festivais internacionais com a sua curta.

David Pinheiro Vicente e o seu Onde o Verão Vai (Episódios da Juventude) é talvez a maior surpresa portuguesa das seis obras presentes na Berlinale. O jovem cineasta foi selecionado com esta curta que é precisamente o filme de final de curso, neste caso da Escola de Superior Cinema. Um olhar pueril sobre um grupo de amigos que numa tarde de verão se aventura por um passeio no bosque.

De repente, somos convidados para um terreno de sensualidade mágica, como um conto de fadas juvenil, onde estão cobras, caminhos secretos e a descoberta dos desejos. Sim, são muitos os desejos num filme com pulsão sexual. David Pinheiro Vicente filma os corpos jovens com uma densidade que é nova no nosso cinema. Estamos perante uma verdadeira descoberta, um objeto de estranhos poderes encantatórios. Pode não deixar de ser um filme de escola, feito com a ajuda dos colegas do curso de atores, mas entrou com justiça na seleção oficial das curtas. Uma competição que sabiamente viu uma maturidade para além da idade deste cineasta de 21 anos oriundo dos Açores, da ilha de Terceira.

Onde o Verão Vai (Episódios da Juventude), na verdade, está para além da maturidade. É um filme tocado por uma verdade cinematográfica que ultrapassa modas ou prerrogativas de uma ideia de cinema português. É o esplendor do verão em estado bruto. Quase um milagre alguém filmar com esta pureza, esta brisa de calor...

No reino dos grandes, na Competição, sobra uma onda de mediania. Ontem no Palast passou Figlia Mia, da italiana Laura Bisturi, um triângulo amoroso entre uma menina de 10 anos e as suas duas mães, a adotiva e a de sangue. Não vem mal ao mundo aqui, mas sente-se que a cineasta não encontra golpe de asa num registo que pretende captar os estados turbulentos de um processo de identificação feminino na infância. Mais um objeto com a tão procurada caução feminina.

Por seu turno, a lança francesa La Priére, de Cédric Kahn, cineasta de O Tédio, também não se eleva perante o seu pressuposto: mergulho profundo num tema sensível: os grupos de oração católicos que protegem em comunidades fechadas os ex-toxicodependentes. Kahn não tem engenho para ultrapassar o batido registo realista. La Priére, tal como muitos dos filmes em Berlim, parece estar em pleno impasse narrativo. Aliás, grande parte do cinema narrativo moderno contemporâneo sofre da mesma chaga. Títulos que fazem as delícias para os nichos de festival mas que depois não dão o salto, não se destacam no rebanho do correto.

Ontem foi ainda dia para a poderosa Globo chegar ao festival com um evento privado e anunciar a nova política de coproduções. Segundo apurou o DN, há um desejo da Globo Studios em convocar produtores portugueses. No Zoo Palast houve mesmo um "showcase" com séries que mostram que no Brasil há operadores a combater a sério a ameaça Netflix.

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