Flash - 18 dez. 07:00
Morte ao Crédito
Morte ao Crédito
É uma das notícias da jornada: começa, lentamente, a crescer o tsunâmi do crédito. Leio que nos primeiros nove meses de 2017 foram emprestados, em média, 17,7 milhões de euros de crédito ao consumo por dia
. É uma preocupação?, pergunta a dona Lurdes, aqui do bairro. Parece-me que sim. Ainda estamos num campeonato pré-troika, mas sabemos que somos fracos a resistir a tentações. Um crédito desmesurado pode pôr-nos em apuros. Ou, como diz outra senhora aqui do bairro, a dona Flávia: nem tanto ao mar nem tanto ao crédito.
Lembram-se, com certeza. Houve uma altura em que estávamos rodeados de apelos ao crédito por todos os lados. Um pesadelo em formato de folheto. Havia até quem desse a seguinte definição de português. Português é aquele que já pediu um crédito. Não voltámos a dar o flanco mas é bom estar vigilante. Agora, em plena era digital, os créditos aparecem-nos por sms e Internet. E, em meia dúzia de cliques e telefonemas, ficamos encarcerados.
Há um livro do escritor Louis-Ferdinand Céline intitulado Morte a Crédito, que conta a história de um médico que relata, uma a uma, as misérias humanas. É um título que me vem à cabeça quando leio estas notícias. Um crédito que não se pode pagar é uma forma de morte. Lenta, em prestações, com os juros bem elevados.