www.jornaldenegocios.ptJim O'Neill - 18 dez. 14:00

Uma história britânica melhor

Uma história britânica melhor

Em 2018, haverá muito drama em torno do Brexit e do futuro do governo de May. Mas, independentemente de o Reino Unido conseguir ou não estabelecer um novo relacionamento produtivo com a UE, pelo menos, começou a enfrentar desafios de longa data que há muito deixavam várias regiões para trás

Hoje em dia, é arriscado procurar sinais de esperança na economia britânica. Como demonstra a última previsão da OCDE para 2018 e mais além, uma nuvem de escuridão abateu-se sobre o Reino Unido.

O principal factor de pessimismo é, naturalmente, o Brexit, e o medo de que a saída da União Europeia penalize os consumidores britânicos através de preços de importação mais altos e uma queda do investimento das empresas. E, para piorar a situação, o Office of Budget Responsibility, do governo britânico, reviu em baixa as suas estimativas para o crescimento económico, devido à fraca evolução da produtividade no Reino Unido.

Perante este cenário económico, a política britânica está num estado de caos e, aparentemente, a primeira-ministra Theresa May dirige um governo cada vez mais fraco. Neste ponto, a única coisa que trava um golpe do Partido Conservador contra May é o medo de perder uma nova eleição, o que levaria um governo de extrema-esquerda ao poder pela primeira vez em muitos anos.

Enquanto isso, o resto da economia mundial parece estar a fortalecer-se e os indicadores que considero confiáveis ??têm vindo a acelerar à medida que nos aproximamos de 2018. Uma área particularmente relevante para o Reino Unido é a Zona Euro, onde o Índice de Gestores de Compras (PMI) para a indústria ultrapassou os 60 pontos em Novembro – o seu nível mais alto desde 2000. Apesar das tentativas do Reino Unido de declarar independência económica, o seu futuro continuará a depender mais dos seus vizinhos geográficos mais próximos do que de qualquer outro país ou região.

Noutros lugares, o desempenho das dez maiores economias tem melhorado nos últimos meses. Nos EUA, isso era verdade mesmo antes de o Congresso ter começado a desenvolver uma legislação de redução dos impostos sobre as empresas, que estará prestes a ser promulgada.

Assim, onde é que fica o Reino Unido? Pode ser uma surpresa saber que o PMI do Reino Unido está agora no seu nível mais alto em quatro anos, sugerindo que as empresas estão mais dispostas a fazer novos investimentos. Se os dados oficiais nos próximos meses apoiarem esta descoberta, isso representará um desenvolvimento positivo muito significativo.

Além disso, existem alguns sinais de melhoria fora de Londres e do sudeste, o que é particularmente relevante para algumas das fraquezas económicas mais profundas do Reino Unido. . Já que estes problemas são do próprio Reino Unido, os responsáveis políticos, neste caso, estão certos em procurar soluções internas.

Jim O'Neill, ex-presidente da Goldman Sachs Asset Management, é professor honorário de Economia na Universidade de Manchester e antigo presidente da revisão sobre a Resistência Antimicrobiana do governo britânico.

Copyright: Project Syndicate, 2017.
www.project-syndicate.org
Tradução: Rita Faria

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