expresso.sapo.pt - 18 dez. 09:06
Trump desmente planos para despedir chefe da equipa que investiga interferência russa nas eleições
Trump desmente planos para despedir chefe da equipa que investiga interferência russa nas eleições
Estão a aumentar as tensões entre a Casa Branca e Robert Mueller, que lidera a equipa que está a investigar a ingerência russa nas presidenciais e o alegado conluio entre a equipa do Presidente americano e o Kremlin
Donald Trump desmentiu este domingo os rumores de que está a planear despedir o conselheiro especial Robert Mueller, chefe da equipa que está a investigar a interferência da Rússia nas eleições do ano passado.
No sábado, um dos advogados da equipa de transição de Trump acusou a equipa de Mueller de ter obtido milhares de emails privados de forma ilegal, aumentando a especulação de que o Presidente estará a preparar-se para afastar o antigo diretor do FBI de uma investigação que já classificou repetidamente como "uma caça às bruxas".
Quando a acusação foi tecida publicamente por Kory Langhofer, Trump disse que o inquérito de Mueller "não está a correr bem" e que as pessoas do seu círculo, várias delas na mira do investigador, estão "muito zangadas" com a alegada ação à margem da lei.
"Não consigo imaginar que [Mueller] tenha o que quer que seja contra eles, francamente, porque, como já dissemos, não houve conluio", declarou o Presidente ao regressar de um fim de semana em Camp David, uma base do Exército norte-americano no estado de Maryland.
Desde o início que a administração de Trump desmente as suspeitas de que a equipa do Presidente colaborou com a Rússia para garantir a sua vitória, com a especulação sobre o iminente afastamento de Mueller a aumentar nos últimos meses. Ao ser questionado este domingo, nos jardins da Casa Branca, sobre se está a considerar despedir Mueller, Trump respondeu: "Não, não estou."
Esta possibilidade tem sido elevada por uma série de legisladores democratas, entre eles Adam Schiff, o principal membro da oposição na comissão de serviços de informação da Câmara dos Representantes, que na sexta-feira disse recear que os republicanos estejam a tentar fechar as investigações em curso.
No dia seguinte, um dos advogados da equipa Trump para a América (TFA), que ajudou o Presidente a transitar para a Casa Branca entre a ida às urnas em novembro e a tomada de posse em janeiro, queixou-se da ação supostamente ilegal de Mueller e da sua equipa.
A alegação foi feita numa carta enviada por Kory Langhofer às várias comissões do Congresso que estão a investigar as suspeitas de conluio entre a equipa de Trump e o Kremlin. A queixa está relacionada com o recurso à Administração Geral de Serviços (GSA) pelo grupo TFA, que entre as eleições e a tomada de posse recorreu ao servidor de email da agência governamental.
Na sua missiva, Langhofer acusou funcionários da GSA de terem "entregado ilegalmente materiais privados do TFA, incluindo comunicações privilegiadas", à equipa de Mueller. Os emails em causa envolvem 13 elementos da equipa de transição para a Casa Branca, entre eles o ex-chefe do Conselho de Segurança Nacional, Michael Flynn – o primeiro funcionário da administração a ser despedido e que, no início deste mês, confessou ter feito declarações falsas ao FBI no decorrer dos inquéritos.
A GSA, queixou-se o advogado, "não detém nem controla os registos em questão", pelo que os direitos constitucionais dos envolvidos foram violados, acusou.
Em reação, um porta-voz de Mueller garantiu que não houve qualquer ilegalidade. "Sempre que obtivemos emails no decorrer da nossa investigação criminal garantimos sempre ou que tínhamos o consentimento dos donos das contas ou que o fizemos de forma apropriada no âmbito de processos criminais", garantiu Peter Carr.
Lenny Loewentritt, vice-conselheiro da GSA, também desmentiu as acusações do advogado da administração; ao BuzzFeed, garantiu que a equipa de transição do Presidente sabia que os materiais teriam de ser fornecidos às agências de segurança e que, "portanto, não podiam presumir que haveria qualquer privacidade" nesse âmbito.
Em reação a isto, o representante democrata Eric Swalwell recorreu ao Twitter para alimentar as suspeitas de que a equipa do Presidente não vai descansar enquanto Mueller não for afastado, falando em "mais uma tentativa para desacreditar Mueller à medida que a sua investigação #TrumpRússia aperta".
No início deste mês, Michael Flynn tornou-se o mais sénior ex-oficial do atual governo a ser indiciado pela equipa de Mueller após ter admitido que fez declarações falsas ao FBI sobre os encontros que manteve com o embaixador da Rússia em Washington. Logo a seguir, confirmou que está a colaborar com os investigadores, tal como George Papadopoulos, ex-conselheiro de campanha de Trump que também se declarou culpado de ter mentido a agentes do FBI e que também está a cooperar com a equipa de Mueller.
Em outubro, o ex-diretor da campanha republicana, Paul Manafort, e o seu sócio empresarial Rick Gates já tinham sido formalmente acusados de conspiração para defraudar os EUA em acordos com a Ucrânia, acusações que ambos desmentem. Segundo vários media norte-americanos, os advogados do Presidente vão encontrar-se esta semana com a equipa de Mueller para discutir a próxima fase do inquérito.