www.publico.ptpublico.pt - 18 dez. 20:35

Futebol. Ángel Villar responsabiliza governo caso Espanha falhe o Mundial

Futebol. Ángel Villar responsabiliza governo caso Espanha falhe o Mundial

Ex-presidente da federação espanhola garante ser vítima de complot e promete nomear Mariano Rajoy adjunto de Lopetegui.

O ex-presidente da Federação Espanhola de Futebol (RFEF), Ángel María Villar, assumiu-se esta segunda-feira como vítima de um complot e responsabiliza o Conselho Superior de Desportos (CSD) caso o país seja sancionado pela FIFA e falhe o Mundial2018.

"O Conselho Superior de Desportos (presidido pelo secretário de estado) é o único responsável se a Espanha ficar sem Mundial por violar as normativas da FIFA", acusou, em conferência de imprensa, na qual negou estar por detrás da ameaça disciplinar.

O dirigente, que liderou a federação durante 29 anos, advertiu para a "situação grave" criada pelo governo espanhol, através do CSD, que o afastou da presidência da federação, o que, em sua opinião, pode custar à Espanha, adversária de Portugal na fase de grupos, a presença no Mundial, por violar o artigo que pune a ingerência dos governos em assuntos internos das federações.

"A FIFA não está a pedir a um estado soberano para desrespeitar as suas leis, como se argumenta, mas apenas que cumpra com os seus estatutos e regulamentos. Deveríamos perguntar-nos porque estas situações não ocorrem em outros países, como Alemanha, França, Itália ou Inglaterra. Os poderes públicos desses estados respeitam escrupulosamente a autonomia das federações", vincou.

A RFEF passa por um processo conturbado, depois de o presidente suspenso, Ángel María Villar, ter-se envolvido num escândalo de corrupção, o que esteve na base do afastamento de funções, durante um ano, decretado pelo CSD, além de ter sido detido em Julho e de enfrentar processos judiciais.

Recentemente, o Conselho Superior dos Desportos de Espanha, dependente do governo, manifestou-se favorável a novas eleições no organismo entretanto liderado por Juan Luis Larrea, o que levou a FIFA a intervir e a anunciar uma visita - conjunta com a UEFA - a Madrid para se inteirar da situação.

"A FIFA não interveio porque Ángel Villar não renunciou ou não actuará se ele renunciar", disse Villar, que se reafirmou como presidente da RFEF e disse que Juan Luis Larrea é "um director interinamente a desempenhar as funções de presidente".

O Conselho de Estado deve decidir em breve sobre um requerimento do Tribunal Administrativo do Desporto espanhol, a pedido do CSD, a pedir novas eleições por possíveis irregularidades na última reeleição de Villar, este ano.

O secretário de estado e presidente do CSD, José Ramón Lete, “deveria considerar a situação na qual deixou o futebol espanhol, que não pode continuar assim. É uma situação muito grave", insistiu Villar.

Entre as ingerências, foi referida a vontade de Lete em "anular as eleições da assembleia geral, ao solicitar a revisão da decisão do Tribunal Administrativo do Desporto (TAD) e fazendo-o sem que a lei o permita, usando o conteúdo de escutas, esquecendo que se trata de material probatório".

Villar garante que se perder os processos que enfrenta vai recorrer aos "tribunais internacionais", uma vez que afiança nada ter feito de mal.

O ex-dirigente diz que todo o processo surgiu por denúncia do anterior secretário de estado do desporto, Miguel Cardenal, em 2015, às autoridades anticorrupção, corroborada um ano depois pelo antigo secretário da RFEF, despedido por Villar: "Fez outra delação em período eleitoral e com interesse em desprestigiar-me para ser candidato à presidência".

Villar também mencionou o presidente da Liga de futebol, Javier Tebas, como um dos promotores das denúncias - "durante estes anos, quis linchar-me e apresentou seis denúncias (...) injuriosas a caluniosas" - e revelou que "houve uns senhores que se reuniram previamente para apresentar a denúncia".

"Utilizaram fiscais, a guarda civil e os tribunais. Fizeram um golpe de estado na RFEF", incriminou.

O presidente do governo, Mariano Rajoy, também não foi poupado, depois de ter garantido há dias que estava seguro de que a Espanha não só iria ao Mundial, como o iria vencer.

"Se voltar à presidência da RFEF, e estou certo disso, vou indicar o presidente do governo para ser adjunto do seleccionador, Julen Lopetegui. No outro dia, fez declarações maravilhosas. Sei que o presidente do governo é muito capaz, mas surpreende-me que saiba tudo", ironizou.

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