expresso.sapo.ptDiogo Agostinho - 18 dez. 07:00

Alterações climáticas e a liderança de Macron

Alterações climáticas e a liderança de Macron

Opinião de Diogo Agostinho

O jovem Presidente francês, Emmanuel Macron, voltou a marcar a agenda mediática internacional. E muito bem. Ao idealizar e organizar a cimeira One Planet Summit, Macron voltou a colocar em cima da mesa o urgente e candente tema das alterações climáticas.

Este tema não é uma moda. É um problema de todos nós, sob pena de extinção, pois às espécies animais que vão desaparecendo pode, se nada for feito, juntar-se a raça humana. Uma humanidade que não pode continuar a presumir que o planeta tem um futuro risonho, como se nada se passasse ou não tivesse envolvida na origem do problema.

Não é pelos Estados Unidos da América terem um Presidente que faz de questões de fé, tomadas de decisão irresponsáveis, que o mundo tem de ficar de braços cruzados à espera de milagres à americana.

A liderança do mundo mudou e está, na busca do orgulhosamente sós, a afastar-se do que se entende chamar comunidade internacional. Obama já tinha assistido à decadência do mundo unipolar, cuja raiz podemos centrar no unilateralismo da “aventura” iraquiana. Todavia Trump, com um mandato errático e sem qualquer sensibilidade ou sentido diplomático, conduz o mundo para um salve-se quem puder, num modelo cada um por si, qual regresso ao passado hobbesiano das relações internacionais, reduzidas a um realismo de mera prossecução de estritos interesses nacionais. E o Presidente Macron viu, nesta completa falta de rumo, do anterior “líder do mundo livre”, uma oportunidade.

Como disse Macron, o combate às alterações climáticas, tem sido uma guerra na qual estamos a perder muitas batalhas. Portanto, para não continuarmos a cometer os erros de sempre, quem lidera tem de ser capaz de ir contra os interesses instalados e contra o imobilismo ou o tacticismo que tantas vezes nos deixa à mercê da evolução de médio prazo dos acontecimentos.

O Acordo de Paris, que, no momento da sua assinatura,envolveu 195 países, formalizou um comprometimento de limitar o aumento da temperatura média do planeta a dois graus, até final do século e, se possível, 1,5ºC. Está escrito e assinado. E palavra dada, tem, de facto, de ser palavra honrada. Acontece que este desígnio mundial precisa de um esforço de todos, uma tarefa de equipa. Não há espaço para incumpridores. E, também por ter noção da necessidade imprescindível do envolvimento de todos, sobretudo dos países que mais contribuem, através das suas elevadas emissões de CO2, para as alterações que cada vez mais modificam o nosso clima, foi muito importante contar com o contributo de Michael Bloomberg, Arnold Schwarzenegger, Bill Gates ou até de Leonardo DiCaprio, para ajudar a sensibilizar o povo americano. E sim, apesar desta Administração americana estar completamente desfasada da realidade e fora de tempo, as empresas e a força do capitalismo norte-americano pode contribuir e muito, para alcançarmos os números acordados e assinados por todos, até pela Coreia do Norte.

A liderança de Macron, com o apoio da ONU e do Banco Mundial, vem dar alento e uma réstia de esperança num futuro melhor. O mundo não pode ser um lugar completamente insensível, em que cada país se organiza como quer, sem pensar nas consequências das suas acções sobre os outros e sobre o dia de amanhã. É que, para azar de todos, o clima não respeita fronteiras, muros nem barreiras. O mundo continua a girar e as alterações climáticas não escolhem bons ou maus.

Este é também um problema económico, não é somente uma questão meteorológica, social ou ambiental. Já são muitos os avisos de cientistas que estudam, segundo as exigências metodológicas científicas, estas matérias para que se possa olhar para este problema pela medida das conveniências individuais de cada um. As consequências económicas e financeiras da incapacidade de todos nós, humanidade, conseguirmos reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, e os impactos que estas emissões estão a ter no nosso planeta Terra, em que todos sentimos a alteração do clima, a subida do nível do mar, vemos as notícias do aumento da quantidade e intensidade de inundações e tempestades, bem como de secas mortíferas, que nos fazem padecer tragédias como os incêndios, tornam este tema numa questão decisiva para a nossa existência.

Este é um desafio dos cidadãos, dos Estados e das empresas. Não há espaço para incompetentes ou egoísmos. Make Our Planet Great Again.

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