rr.sapo.ptrr.sapo.pt - 18 dez. 14:05

Plataforma europeia vai estudar a eutanásia

Plataforma europeia vai estudar a eutanásia

"Wish to Die" terá como principal objectivo criar metodologias que permitam uma legislação em conformidade com o melhor interesse dos doentes.

Porque consideram que a eutanásia e o suicídio assistido não estão devidamente estudados, um grupo de quinze especialistas - incluindo psicólogos, médicos, advogados e especialistas em cuidados paliativos – decidiu lançar uma plataforma europeia destinada a promover a investigação científica nesta área.

A ideia partiu de Miguel Ricou, presidente da comissão de ética da Ordem dos Psicólogos e professor na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, e tem como principal objectivo criar metodologias que permitam uma legislação em conformidade com o melhor interesse dos doentes.

A plataforma "Wish to Die" terá especial incidência em quatro dimensões: o processo de tomada de decisão, a consistência e o seu tempo, o impacto da posição da família do doente e o peso dos cuidados paliativos.

Não há estudos nem em Portugal nem no resto do mundo

Antes de avançar com a ideia, Miguel Ricou andou à procura de estudos sobre estes temas e só encontrou catorze artigos científicos publicados em todo o mundo. “É não só assustador, mas também estranho, que se queiram tomar decisões sobre algo tão definitivo, como a morte, e não haja preocupação de estudar e encontrar formas de avaliar o pedido destas pessoas, para perceber se representa o que elas pensam e o que será melhor para elas.”

As investigações vão girar em torno de perguntas como: Será que, tal como acontece no suicídio, a maioria das pessoas que pede para morrer muda de ideias? Quanto tempo será legítimo esperar para perceber se a pessoa pode mudar de ideias? Será diferente em doentes terminais e doentes com outras condições não terminais? Em que sentido?

Garantir que quem pede para morrer quer mesmo morrer?

Para os especialistas, falta também, e no que concerne às repercussões sociais da decisão, saber até que ponto para a família estas decisões têm impactos positivos ou negativos, especialmente nos casos em que as pessoas pedem para morrer, porque sentem que são um fardo para os familiares.

Simultaneamente, sublinha Miguel Ricou, é também necessário ter a noção de que atualmente, em Portugal, “há pessoas que queriam morrer, estão a sofrer e não vão ter essa oportunidade e vão continuar a sofrer”.

A principal preocupação centra-se, no entanto, em “perceber se, quando as pessoas tomam decisões sobre isso, estão cientes da decisão que estão a tomar” para que, no futuro, se diminua ao máximo o número de doentes que morrem e não queriam, apesar de terem pedido.

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