expresso.sapo.pt - 18 dez. 15:33
Bilionário canadiano e a mulher morrem estrangulados
Bilionário canadiano e a mulher morrem estrangulados
Figura estimada da sociedade canadiana, Barry Sherman tinha os seus inimigos, incluindo as grandes farmacêuticas e os sobrinhos que reclamavam uma parte da sua fortuna
Um bilionário canadiano e a sua muher morreram na sexta-feira, vítimas de estrangulamento. As autoridades anunciaram esta conclusão no fim de semana, após a autópsia feita a Barry e Honey Sherman. Os dois eram figuras proeminentes da alta sociedade canadiana, e as suas mortes tinham sido imediatamente declaradas “suspeitas” quando os cadáveres foram descobertos por um agente imobiliário numa cave da sua casa, que se preparavam para vender. O pior acabou por confirmar-se.
Sherman era considerado o 15.º canadiano mais rico, e constava há década e meia na lista de bilionários da revista "Forbes". Contudo, fazia uma vida relativamente modesta, guiando carros velhos e vivendo numa casa “relativamente modesta” para o seu nível de riqueza. Entre outros motivos, ele e a mulher eram conhecidos pelas suas atividades filantrópicas, dirigidas sobretudo a hospitais, universidades e organizações judaicas, e estimadas em dezenas de milhões de dólares só na última década.
Sherman acumulou a sua fortuna estimada, em 4770 milhões de dólares canadianos (€ 3142 milhões de euros), através de uma grande empresa de medicamentos genéricos, a Apotex, fundada em 1974. Essa empresa sucedeu a uma outra que ele comprara a um tio, Louis Winter. Este e a sua mulher morreram novos, em 1965, no espaço de 17 dias.
“A maldição das farmacêuticas de marca”Os quatro filhos órfãos deles reclamaram durante anos uma parte da Apotex, bem como o direito de trabalharem na empresa, mas os tribunais canadianos negaram-lhes razão. A última sentença no processo foi em setembro passado, com o juiz a negar uma relação direta entre a Apotex e a empresa de Louis Winter. Entre outros aspetos insólitos, havia a alegação de um suposto plano de Sherman para matar Winter e roubar a sua herança aos filhos.
Outra coisa ainda mais importante fazia algumas pessoas odiarem Sherman. Ao vender medicamentos genéricos em mais de cem países, ganhou a hostilidade de outras farmacêuticas. “Ele era a maldição das empresas que fabricam medicamentos de marca”, disse à CBC um professor da faculdade de farmácia da Universidade de Toronto. “Não era a pessoa favorita deles. Mas era respeitado”.
O grau desse respeito ficou patente não apenas nas homenagens prestadas por uma série de responsáveis públicos, incluindo o primeiro-ministro do Ontário, mas pelos testemunhos de vizinhos. Entrevistados pela imprensa, vários usaram adjetivos como “adorável” para descrever o casal. Agora, cabe às autoridades descobrir quem os matou.