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Ciência - Água de Marte afinal não passa de areia e poeiras

Ciência - Água de Marte afinal não passa de areia e poeiras

Estudo vem colocar dúvidas sobre as hipóteses de vida ou de uma colonização

Há milhões de anos Marte era considerado um planeta húmido, banhado por oceanos e rios em que existiriam mesmo tsunamis gigantes. Recentemente, surgiram indícios de que a água ainda corria no planeta, pelo menos de forma sazonal, facto que foi agora contrariado num estudo publicado na revista Nature Geoscience.

O trabalho, realizado pela U.S Geological Survey (USGS), afirma que, em vez de água, as linhas de declive recorrentes (RSL) são "fluxos granulares" ou seja, materiais como areia e poeira que se movem de forma semelhante à água.

Os pontos, nomeados pelos cientistas como RSL, foram encontrados em todo o planeta, principalmente em encostas rochosas íngremes e em regiões escuras de Marte, como o Valles Marineris, a gigantesca ravina formada entre falésias, que atravessa a região equatorial marciana, ou a Acidalia Planitia, nas planícies do norte.

Esta nova pesquisa vem pôr em causa as imagens tiradas pelo Mars Reconnaissance Orbiter (MRO), que sugeriam a presença de água salgada no planeta. Nessas fotografias apareciam manchas escuras que poderiam ser explicadas pela presença de água a cerca de 23 graus abaixo de zero, algo possível graças aos sais que ali existiriam.

As linhas de declive recorrentes aparecem nas épocas mais quentes do ano e desaparecem quando o frio regressa, facto que levou os cientistas a considerarem a possibilidade de existência de água e vida.

"Considerávamos estes fluxos como correntes de água, mas o que vemos nestas encostas responde mais ao que poderíamos esperar de areia seca", o que é também mais compatível com outros testes que indicam que Marte atualmente está muito seco, afirmou Colin Dundas, autor do artigo e membro do Departamento de Pesquisa Geológica do Centro de Ciência Astrológica de Flagstaff, no Arizona.

Os autores concluem que o líquido em Marte pode corresponder apenas a vestígios de humidade da atmosfera dissolvida em camadas finas de água, uma vez que foram detetados minerais hidratados em algumas zonas RSL. Por isso, algumas ideias defendidas no ano passado no Congresso Internacional de Astronomia, no México, que previam a colonização de Marte para aumentar as hipóteses de sobrevivência da civilização, deixam agora de ser possíveis, uma vez que a água presente não é tão abundante como se pensava.

Segundo o diário espanhol El País "é provável que este novo estudo não seja o fim do mistério das RSV e alguns investigadores sugerem que a única maneira de resolver o enigma é que algum explorador possa realizar análise no campo".

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