1 A tragédia do último fim de semana, 42 mortos, veio ampliar muito a que já tinha acontecido há quatro meses em Pedrógão Grande. As duas fizeram mais de cem mortos e prejuízos materiais e ambientais ainda incalculáveis. A de domingo, porque foi dispersa por quatro distritos, tornou mais transversal a sensação de insegurança em todo o país. Nada pode ficar igual, diz o primeiro-ministro, e vamos mesmo exigir que não fique. É agora responsabilidade do governo, dos autarcas e das comunidades não deixarem que fique tudo na mesma para que nunca mais se repitam cenários dantescos como os de junho e os deste outubro. As medidas que saírem do Conselho de Ministros de sábado, suportadas no relatório técnico sobre os incêndios de Pedrógão, têm de começar a ser aplicadas no dia seguinte e sem os rodriguinhos da esquerda e da direita, "ah e tal, temos de refletir sobre o que fazer". A certeza que temos já é que o atual modelo de proteção civil, de ordenamento do território, não funciona e tem de ser mudado de alto a baixo, a tempo para servir todas as estações, todos os meses do ano. É, como disse o Presidente da República, altura de pôr as mãos à obra, até por respeito por todos os que morreram, os que perderam tudo e pelos seus familiares.