Francisco J. Gonçalves - 18 out. 01:30
Como perder a Catalunha
Como perder a Catalunha
O primeiro-ministro espanhol tem tido o raro e duvidoso mérito de fazer a coisa errada na hora errada, pelas razões certas.
É assim que tem gerido o desafio separatista da Catalunha.
Obcecado com o facto de ter razão, Mariano Rajoy quer impor essa razão à força a uma região onde milhões de pessoas desprezam Espanha justamente por considerarem o poder de Madrid sobranceiro e autoritário.
Ao recorrer aos tribunais e mandar a polícia para a rua, para impedir o referendo ilegal e prender os que com ele colaboraram, Rajoy pode ter toda a razão do mundo, mas está a dar razões aos outros milhões que na Catalunha ainda não são separatistas para passarem a sê-lo.
Os bons líderes não são os que se impõem ‘doa a quem doer’, são os que sabem quando a autoridade que emana das leis, e que eles exercem em nome delas, não chega para manter a ordem pública sem moderação que a tempere.
A Catalunha é Espanha e poderá continuar a ser Espanha nas próximas décadas. Mas, se os governos de Madrid mantiverem esta linha de rumo, a Catalunha ficará, mas não como parte de um país unido.
Será mais como o braço amputado de um corpo que ainda não percebeu que ele já lá não está.
Obcecado com o facto de ter razão, Mariano Rajoy quer impor essa razão à força a uma região onde milhões de pessoas desprezam Espanha justamente por considerarem o poder de Madrid sobranceiro e autoritário.
Ao recorrer aos tribunais e mandar a polícia para a rua, para impedir o referendo ilegal e prender os que com ele colaboraram, Rajoy pode ter toda a razão do mundo, mas está a dar razões aos outros milhões que na Catalunha ainda não são separatistas para passarem a sê-lo.
Os bons líderes não são os que se impõem ‘doa a quem doer’, são os que sabem quando a autoridade que emana das leis, e que eles exercem em nome delas, não chega para manter a ordem pública sem moderação que a tempere.
A Catalunha é Espanha e poderá continuar a ser Espanha nas próximas décadas. Mas, se os governos de Madrid mantiverem esta linha de rumo, a Catalunha ficará, mas não como parte de um país unido.
Será mais como o braço amputado de um corpo que ainda não percebeu que ele já lá não está.