sol.sapo.ptsol.sapo.pt - 22 ago. 15:03

Benfica. Portugueses ganham espaço sob o signo de Vitória

Benfica. Portugueses ganham espaço sob o signo de Vitória

A ausência de movimentações no mercado para mais reforços leva a crer que a versão 2017/18 das águias vai contemplar a titularidade de quatro jogadores lusos. Não é muito, é um facto, mas mais do que isso só há 11 anos...

Nove dias. Faltam nove dias para o fecho do mercado e na Luz tudo parece estar tranquilo como nunca. As grandes vendas já foram feitas (Ederson, Nélson Semedo e Lindelof), as grandes compras... nem por isso. O Benfica fez várias contratações neste defeso, mas nenhuma bombástica – e, à partida, nenhuma dessas caras novas viria ocupar um lugar de destaque como titular da equipa. Nomes como Bruno Varela, Krovinovic, Chrien ou Seferovic – a que se junta o croata Milos, ainda não oficializado – não foram propriamente recebidos com fogo de artifício pelos adeptos encarnados, parecendo destinados a um mero papel secundário ao longo da temporada.

Os primeiros quatro jogos da época, porém, mostraram um cenário diferente. Falhada a contratação de André Moreira, a direção encarnada – em conjunto com a equipa técnica, obviamente – achou por bem não mexer mais na baliza, projetando a titularidade para Júlio César e o jovem Bruno_Varela, resgatado após uma excelente temporada no Vitória de Setúbal, na espreita por uma oportunidade. Que surgiu, inesperadamente (ou talvez não) ainda na fase final da pré-temporada, com mais uma lesão do conceituado guardião brasileiro. Lançado às feras, Varela tem respondido “presente”, somando já dois jogos consecutivos sem sofrer golos.

Lógica idêntica foi adotada para a posição de lateral-direito, deixada vaga por Nélson Semedo, e para o lugar que era ocupado no centro da defesa por Lindelof. Depois de vários testes na pré-época (nem todos bem sucedidos), as duas posições acabaram por ser ocupadas por dois homens da casa: André Almeida e Jardel, cujo papel na época do tetracampeonato tinha sido quase residual. Entretanto, já chegou o croata Milos para lutar pelo posto de lateral-direito; centrais... nem vê-los: há Lisandro e os meninos Kalaica e Rúben Dias. Chega? Vai ter de chegar.

O tempo de Fernando Santos

Ora, esta ausência de movimentações rumo à Luz acabou por permitir a Rui Vitória marcar mais uma vez a diferença no que respeita à utilização de jogadores portugueses no Benfica. Neste momento, são quatro os jogadores nacionais com estatuto de indiscutível no onze encarnado: Bruno Varela, André Almeida, Eliseu (elevado à condição de titular dada a enésima lesão de Grimaldo) e Pizzi, melhor jogador do último campeonato.

Na época passada, só dois lusos tinham esse estatuto: Nélson Semedo e Pizzi – Gonçalo Guedes juntou-se ao duo na primeira metade da época, beneficiando da lesão de Jonas, mas saiu em janeiro para o PSG. Mas em 2015/16, na primeira temporada de Rui Vitória a

o leme das águias, já foram igualmente quatro os jogadores portugueses imprescindíveis para o técnico: Nélson Semedo, Eliseu, Pizzi e Renato Sanches, que entrou na equipa em novembro e não mais saiu.

Para encontrar uma equipa do Benfica com um onze-base tão português antes de Rui Vitória, é preciso recuar muito, muito tempo. Jorge Jesus, por exemplo, nunca privilegiou o jogador nacional nas seis temporadas que passou ao comando das águias. Em 2014/15, só Eliseu e Pizzi eram titulares indiscutíveis; em 2013/14, 2012/13 e 2011/12... nem um; em 2010/11, Fábio Coentrão era indiscutível e, a espaços, Carlos Martins também entrava no onze; e em 2009/10, no ano de estreia, Quim foi o dono e senhor da baliza, Coentrão tomou o gosto à posição de lateral-esquerdo e nunca mais a largou e Rúben Amorim também participou na maioria dos jogos como titular.

E se o início do reinado de Jorge Jesus no Benfica já parece ter sido há uma eternidade, que dizer das passagens de Quique Flores em 2008/09 ou José Antonio Camacho em 2007/08 (substituiu Fernando Santos à segunda jornada e demitir-se-ia em março, sendo rendido por Chalana)? Todos eles com um denominador comum: um Benfica com poucos portugueses no onze.

É preciso, dizíamos há pouco, recuar muito tempo para ver uma equipa-tipo encarnada com mais de quatro portugueses. E tal aconteceu em 2006/07, precisamente na primeira – e única – época completa do atual selecionador nacional no banco do Benfica. Eram cinco os portugueses titulares indiscutíveis nessa temporada: Quim na baliza; Nélson como lateral-direito; Petit a seis; Simão Sabrosa, numa época onde experimentou nova função, organizando o jogo atrás dos avançados; e Nuno Gomes na frente. Nesta equipa, refira-se, cabiam regularmente ainda mais alguns portugueses. Ricardo Rocha, por exemplo, foi titular indiscutível até sair, em janeiro, para a Premier League (Tottenham); Nuno Assis também vinha a assumir um papel muito importante no esquema encarnado, até um controlo anti-doping dar positivo, afastando-o dos relvados a partir de dezembro; e Rui Costa, que na época de regresso à Luz foi titular sempre que as lesões o permitiram.

Voltando ao presente: além dos quatro portugueses indiscutíveis, há outros a bater à porta de uma oportunidade. Rafa é, obviamente, o de maior estatuto  e aquele que mais perto está de ser titular, embora esta época some apenas 21 minutos, todos na deslocação a Chaves – felizes, ainda assim: foi dele a assistência para o golo tardio de Seferovic, que valeu o triunfo aos encarnados. Mas nomes como Diogo Gonçalves, principal referência da equipa B na última temporada, ou João_Carvalho, que passou por um muito produtivo empréstimo ao Vitória de Setúbal, também não são de descurar a médio/longo prazo.

Para já, a “aposta” no produto nacional – que na verdade é quase uma obrigação, fruto da necessidade do Benfica em vender os principais ativos e, ao mesmo tempo, da rigorosa política de contratações imposta por Luís Filipe Vieira, que decidiu apertar o cinto e deixar de gastar largos milhões em jogadores de renome (nos últimos três anos, cingem-se a Mitroglou, Raúl Jiménez e Rafa) – vai chegando para derrubar barreiras a nível interno. Se é suficiente para enfrentar os apetrechados rivais nacionais e, principalmente, dar luta a nível europeu, só o tempo dirá.

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