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Intercetados carregamentos norte-coreanos que “teriam como destino” a Síria

Intercetados carregamentos norte-coreanos que “teriam como destino” a Síria

Carregamentos terão sido intercetados nos últimos seis meses, segundo um relatório confidencial das Nações Unidas a que a Reuters teve acesso. O documento não revela quais os produtos transportados, mas refere que teriam como destino uma agência do Governo sírio responsável por supervisionar o programa de armas químicas do país

Dois carregamentos norte-coreanos que tinham como destino final a Síria foram intercetados nos últimos seis meses, de acordo com um relatório confidencial das Nações Unidas a que a Reuters teve acesso.

“O painel está a investigar a cooperação entre a Síria e a DPRK [República Popular Democrática da Coreia] no que diz respeito ao desenvolvimento de armas químicas, mísseis balísticos e armas convencionais”, refere o documento da ONU, em que não são dadas, no entanto, quaisquer informações sobre as datas concretas em que os carregamentos foram intercetados nem sobre os produtos transportados.

O relatório explica que “dois Estados-membros das Nações Unidas intercetaram os carregamentos que teriam como destino a Síria”. Outro membro da ONU terá “informado o painel ter razões para acreditar que os bens foram transportados no âmbito de um acordo entre o KOMID e a Síria”. KOMID é a sigla de “Corea Mining and Development Trading Corporation”, entidade norte-coreana que está na lista negra das sanções impostas a Pyongyang em 2009. Em 2012, dois representantes da entidade na Síria foram também alvo de sanções. Segundo a ONU, é através do KOMID que o Governo norte-coreano negoceia a compra e venda de armas e equipamentos relacionados com mísseis e armas convencionais.

O relatório da ONU a que a Reuters teve acesso clarifica que “os destinatários dos carregamentos eram agências sírias designadas pela União Europeia e pelos EUA como empresas-fantasma do Centro de Estudos e Pesquisas Científicas (SSRC, na sigla em inglês), entidade, segundo a ONU, cooperou com o KOMID em transferências anteriores de itens proibidos”. O SSRC supervisionou o programa de armas químicas da Síria desde a década de 1970.

Os especialistas da ONU informaram ainda que as atividades entre a Síria e a Coreia do Norte que foram investigadas incluíam a cooperação nos programas de mísseis Syrian Scud (mísseis balísticos de curto alcance de origem soviética) e a manutenção e reparo de sistemas de defesa áerea de mísseis terra-ar (mísseis projetados para serem lançados a partir de plataformas de superfície para atingir aeronaves).

Os especialistas anunciaram ainda estar a investigar o uso do agente nervoso VX na Malásia, usado para matar o meio-irmão de Kim Jong-un, líder da Coreia do Norte, em fevereiro deste ano. Tanto a Coreia do Norte como a Síria ainda não reagiram ao relatório.

A ONU impôs as primeiras sanções à Coreia do Norte em 2006, como forma de penalizar o país pelo desenvolvimento de programas de mísseis balísticos e nucleares. Desde então, foram aplicadas novas sanções ou reforçadas as anteriores.

Depois de um ataque com armas químicas em Goutha, nos subúrbios de Damasco, que resultou na morte de centenas de pessoas, em 2013, o Governo sírio assinou um acordo com a Rússia e os EUA no qual se comprometeu a entregar todo o seu arsenal químico. No entanto, há suspeitas de que o país tenha mantido secretamente parte do seu arsenal.

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