observador.ptobservador.pt - 22 ago. 16:40

Josep Lluís Trapero, o major carrancudo que canta canções românticas com o Presidente da Catalunha

Josep Lluís Trapero, o major carrancudo que canta canções românticas com o Presidente da Catalunha

É a cara dos atentados na Catalunha e um polémico "adeus" tornou-o viral nas redes sociais. Mas quem é este major próximo de Puigdemont, que adora cozinhar e foi apanhado a cantar canções românticas?

Josep Lluís Trapero tem sido o rosto da polícia catalã depois do atentado em Barcelona. Mas, esta quinta-feira, viu-se envolvido numa polémica com a comunicação social.

Tudo aconteceu esta segunda-feira, durante uma conferência de imprensa em que o major respondia a uma pergunta em catalão. Perante o desagrado de um jornalista, Trapero interrompeu o que estava a dizer para explicar, de forma seca e em castelhano: “Se me fazem uma pergunta em catalão, eu respondo em catalão. Se me fazem [a pergunta] em castelhano, eu respondo em castelhano”, afirmou.

O jornalista não gostou da resposta e levantou-se para abandonar a conferência de imprensa. Atitude que não incomodou o responsável da polícia catalã, que reagiu metade em catalão, metade em castelhano: “Bueno pues molt bé, pues adiós” (“Bem então tudo bem, adeus”).

És lamentable q després de la feinada dels @mossos molesti el català a les rodes de premsa. El @govern sempre les fa en català i castellà! pic.twitter.com/nc2DlvJ8w8

— Sergi Forcada (@sergifor) August 21, 2017

A polémica rapidamente se tornou viral nas redes sociais, com várias pessoas a defenderem Trapero. Tanto que a frase se torno trending topic no Twitter em Espanha, com direito a hashtag (#BuenoPuesMoltBéPuesAdiós) e a vários mêmes com a cara do major e a (já) mítica frase.

Mossos comunicando en 4 idiomas y tiene que salir siempre el tonto de turno, no lo entiendo, de verdad. #BuenoPuesMoltBéPuesAdiós

— Cris Campeador (@CristianTZR) August 21, 2017

Señor Trapero, con lo de #BuenoPuesMoltBéPuesAdiós es usted un héroe nacional. En Cataluña, Andalucía o donde sea.
Basta de idioteces.

— PonchoMan (@LordPonchoMan) August 21, 2017

Trapero for President!!! ???????????????? #BuenoPuesMoltBéPuesAdiós

— Mónica E. Alonso (@ealonsomonica) August 21, 2017

Are you talking to me? #BuenoPuesMoltBéPuesAdiós pic.twitter.com/5VtES5Sab5

— Pep Prieto (@PepPrieto) August 21, 2017

Doncs vinga!! #BuenoPuesMoltBéPuesAdiós pic.twitter.com/7RvCf58csw

— Siso Boada ???? (@sisoboada) August 21, 2017

Mi pequeño homenaje, desde Madrid, a los @mossos y a Josep Lluis Trapero.
Moltes gràcies!!!!!#BuenoPuesMoltBéPuesAdiós #PuesMoltBéPuesAdiós pic.twitter.com/hRvU8mAFIu

— Aitor Mayo (@AitorMayo_com) August 22, 2017

Lord Commander of the Catalan's Watch #buenopuesmoltbepuesadios @Mossos #GraciesMossos pic.twitter.com/6669qnHMpG

— Judiaverdefrita (@darthvallver) August 22, 2017

Da boss #BuenoPuesMoltBéPuesAdiós pic.twitter.com/SswC8iHXX8

— Van Der Vil (@wilythetweet) August 21, 2017

Houve mesmo que tivesse feito a seguinte sugestão para o referendo na Catalunha: em vez do clássico “sim” e “não”, pôr “Bueno pues molt bé, pues adiós” e “não”.

Some say the indyref ballots for the 1-O referendum will be like this one:#buenopuesmoltbépuesadios pic.twitter.com/4fsAnL72fr

— El Gat Groc (@ElGatGroc) August 21, 2017

E houve quem já arranjasse ideias originais para t-shirts.

Samarreta indispensable! #BuenoPuesMoltBéPuesAdiós pic.twitter.com/kjri6xGOlK

— Txus Fernandez (@txusfermo) August 21, 2017

#BuenoPuesMoltBéPuesAdiós pic.twitter.com/KRpraBgzcM

— iaia Toneta (@Iaia_Toneta) August 21, 2017

Josep Lluís Trapero, o major austero…

Trapero foi o homem escolhido para comunicar as principais informações relativamente aos atentados da semana passada em Barcelona e Cambrils e que fizeram até ao momento 15 mortos.

Nas conferências de imprensa surge sempre de rosto fechado, com voz firme a seca, e sem grandes rodeios. O El País e o La Vanguardia, aliás, descrevem-no como sendo teimoso, seguro de si mesmo, duro, mas sempre disponível para qualquer agente, trabalhador, ambicioso e desconfiado. Mas há mais neste ex-fumador, que adora cozinhar e que não liga nada a futebol.

Filho de um taxista de Valladolid, cresceu na cidade catalã de Santa Coloma de Gramanet e é o mais velho de três filhos. Ser polícia não era um dos seus sonhos de infância. Preferia a biologia e os animais e chegou estudar biologia. Mas a verdade é que desde cedo mostrou alguma aptidão para as funções policiais, tendo mesmo feito parte um grupo de jovens do seu bairro no qual estava encarregue de vigiar tudo o que lá acontecia.

A entrada para a polícia catalã, refere o La Vanguardia, deu-se depois de conhecer um agente — um Mosso — em 1989. Nem um ano depois de entrar na academia já estava no departamento de denúncias em Gerona e depois Vielha. Foi o início de uma carreira que conta já com 26 anos. Segundo o site do Governo da Catalunha, passou ainda pelo Centro Penitencario Quatre Camins e foi responsável pelo Grupo de Investigação na região de Gerona e de Barcelona. Foi aqui que criou as suas maiores amizades, que mantém até aos dias de hoje, refere o La Vanguardia.

Em 2008, tornou-se chefe da Divisão de Investigação Criminal (División de Investigación Criminal) e um depois chega a subchefe da Comissão Geral de Investigação Criminal (Comisaría General de Investigación Criminal). Três anos mais tarde, passa a ocupar o cargo de chefe. Foi enquanto subchefe que tentou mudar a imagem que os catalães tinham da postura da polícia perante os manifestantes. Sob o seu comando, os agentes passaram a investir menos sobre a multidão e começaram a investigar e recolher provas, lê-se no El País.

… que não resiste a canções de amor

Trapero, atualmente com 51 anos, formou-se em Direito na Universitat Oberta de Barcelona em 2006 e tem ainda uma pós-graduação em Direção e Gestão da Segurança Pública. Especialista em criminalidade informática, branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo, foi professor na Universidade Autónoma de Barcelona e na Universidade de Barcelona. Em 2011, coordenou o primeiro seminário de Crime Organizado no Instituto de Segurança Pública da Catalunha.

Chegou ao topo da carreira em abril deste ano, ao ser nomeado para o cargo de major da polícia catalã pelo Presidente do governo regional da Catalunha, Carles Puigdemont — nomeação criticada por alguns sindicatos por falta de independência. A verdade é que Trapero, que nunca esteve associado a qualquer partido político, já era responsável dos Mossos desde 2013, altura em que o cargo de major não existia — o cargo foi extinto há dez anos e foi retomado este ano por Puigdemont para dar um novo alento aos Mossos enquanto polícia da Catalunha.

Mas o seu mau feitio não se sobrepõe totalmente ao lado mais relaxado e carismático deste major — sim, pode não parecer, mas ele existe. Prova disso foi o episódio no jantar de gala dos Mossos em abril de 2015. Nessa noite, o major, fardado, pegou na guitarra e cantou “Paraules d’Amor”, de Joan Manuel Serrat, à frente de tudo e todos, lê-se no El País.

Cerca de um ano mais tarde, a situação volta a repetir-se, mas num contexto ainda mais descontraído. Desta vez, o major estava de férias em Cadaqués e surge de chapéu, com uma camisa de estilo havaiano e acompanhado de diversas personalidades da sociedade catalã, nomeadamente Carles Puigdemont. A escritora e jornalista Pilar Rahola partilhou o momento na sua conta de Twitter.

Un bocí de Paraules d'amor, amb amics a Cadaqués. pic.twitter.com/bqFZgu2xFa

— Pilar Rahola (@RaholaOficial) August 9, 2016

Ninguém diria que o homem dos briefings sobre os atentados na Catalunha é o mesmo do vídeo, mas é. O mesmo que se tornou viral por causa de um “Bueno pues molt bé, pues adiós”.

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